Hastur Lord, trecho traduzido
Na enquete realizada no nosso blog, perguntamos aos leitores se gostariam de ter alguns trechos do livro Hastur Lord, (ainda inédito no Brasil) publicados aqui, assim como Deborah J. Ross fez nos Estados Unidos nas vésperas do lançamento do livro. Ela aos poucos foi divulgando trechos do livro na internet antes do lançamento.
Com o objetivo de divulgarmos mais esta obra, com esperança de vê-la em breve nas prateleiras de livros traduzidos aqui no Brasil.
Com o objetivo de divulgarmos mais esta obra, com esperança de vê-la em breve nas prateleiras de livros traduzidos aqui no Brasil.
Hoje teremos aqui uma pequena parte desta obra, que foi traduzida por um dos tradutores de nossa lista de tradução O Circulo de Hali.
Em breve, traremos mais trechos traduzidos, por enquanto fiquem com o inicio de mais esta obra. Boa leitura!
Em breve, traremos mais trechos traduzidos, por enquanto fiquem com o inicio de mais esta obra. Boa leitura!
Lorde Hastur
De Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução de Gabriel Fosco
LIVRO 1 - REGIS
Capítulo 1
Acima da antiga cidade de Thendara, o grande sol vermelho de Darkover marcava meio-dia. O inverno chegava ao fim, ainda assim, mesmo a essa hora, as sombras se espichavam-se através do estreito, dobrando esquinas na Velha Cidade. O cair da neve esteva sendo leve na ultima quinzena, e os mercados surgiram de vida renovada, antecipando que a primavera estava chegando.
Regis Hastur, o Herdeiro de seu Domínio, ficou em uma sacada do Castelo Comyn e enrolou sua capa de pele em volta dos seus ombros. Ele era um homem alto na casa dos 20 anos, com um atrativo cabelo branco e a intensa beleza masculina de seu clã. Seu olhar lentamente se deslocou das torres de Thendara até a Cidade Comercial Terráquea, o edifício de aço crescente do complexo do Quartel-General do Império e, ainda além, o espaçoporto.
Durante este inverno, ele dividiu seu tempo entre ir à sessões da Corte, negociando disputas e acordos de troca entre magistrados de cidades e várias guildas, e se encontrando com representantes do Império Terráqueo e enviados diplomáticos dos Sete Domínios que antes formavam o Conselho de Darkover.
Estranhamente, Regis achou os dias em que o Comyn se reuniu, nostálgicos, debatendo e discutindo, armando esquemas e tramas, planejando casamentos e trocando fofocas, mesmo nesses tempos quando uma tradicional tarde de dança e música era pontuada por um ocasional duelo formal.
Esses dias, ele refletiu, nunca mais viriam. Entre uma baixa taxa de natalidade, declínio natural e os assassinatos dos Destruidores de Mundos, o Comyn foi dizimado, e os que sobraram se espalharam. Esses últimos dez anos têm sido uma árdua luta para restaurar a ecologia do planeta enquanto tentava-se desenvolver um novo sistema de governo. Em seus momentos mais pessimistas, Regis admitiu que sua idéia de um novo Conselho governando, aberto para telepatas de qualquer castelo, foi um simples esquema de uma mente capenga. No que ele estava pensando, trocar homens que foram educados para liderar desde o nascimento por uma assembleia remendada que era inexperiente, e por vezes analfabeta, constantemente independente patologicamente? Até mesmo os Guardiões, com anos de rigorosa disciplina no uso de seus poderes psíquicos, tinham pouco treinamento sobre algo além de suas próprias Torres.
A única bênção salvadora, ele pensou, era que o Conselho Telepata era muito disparatado e desorganizado, portanto seria incomum fazerem algo efetivo em larga escala. O que aconteceria se uma crise demandasse ação unificada? Ele supôs que o que sobrou do Comyn iria se mobilizar; certamente, as pessoas iriam, se ele perguntasse.
Se eu perguntasse . . .
Regis não precisava mais ficar em guarda constante contra a adaga de um assassino ou Destruidor Compacto-proibido Terráqueo, mas nenhum poder sob o Sol Sangrento poderia apagar a impressão de temor quando passasse pelas ruas e nem silenciar os sussurros, “O Lorde Hastur”. As pessoas se curvavam a ele em sinal de respeito e gratidão, não tendo idéia de como sua adoração caiu como ácido sobre sua alma.
Mesmo sem os passos sileciosos, Regis sabia pelo seu melhorado humor e a iluminação de seu coração, que Danilo Syrtis-Ardais havia entrado na sala atrás dele. Ele fechou os olhos, abrindo espaço em sua mente onde seus pensamentos se encontravam.
Com um clique da fechadura, Danilo fechou a porta e foi ficar ao lado de Regis. “Bredhyu”, ele modulou o termo casta de uma maneira muito mais íntima que o normal significado de irmão jurado.
“O que lhe incomoda, Regis?”
Regis virou as costas para a cidade para encarar seu complexo. Danilo vestia as cores Hastur, azul e prata, com uma pesada capa de inverno de lã cinza-escuro sobre um dos ombros, assim sua espada fica facilmente alcançável. A preocupação escureceu seus olhos.
“Nada além deste meu feio humor,” Regis respondeu, tentando manter sua voz leve. “vai passar logo, agora que você está aqui.”
Os olhos de Danilo cintilaram à parede de pedra. O Castelo era uma cidade por si só, uma massiva acreção de séculos, com torres, quintais e salões de festa, um labirinto de salas e corredores, escadas e arcos, lareiras e parapeitos, que os quartéis já reservaram para o uso de cada Domínio durante a época do Conselho, e a cintilante cúpula da Câmara de Cristal. O salão principal da Guarda estava no nível de baixo, com suas próprias barracas, arsenal e campo de treinamento.
A boca expressiva de Danilo se encolheu. “Este lugar é como uma tumba.”
“Sim, mas uma que requer cuidado constante. Mesmo com inteiras secções fechadas, o resto deve ser mantido. O Castelo não funciona sozinho e o Avô não tem essa vontade.”
Regis manteve-se em silêncio, deliberadamente evitando o lógico próximo ponto da discussão. O que o Castelo precisava, como Danvan Hastur lembrou a Regis fundamentalmente, era uma senhora do castelo, uma Lady Hastur para sua original função.
Com uma leve inclinação da cabeça, Danilo abriu a porta da sacada e recuou para que Regis pudesse prosseguir.
“Os restos do inverno são sempre deprimentes,” disse Danilo. “As coisas vão melhorar na primavera,” aludindo não somente os dias mais claros, mas também ao velho costume do Comyn de se reunir em Thendara para a época do Conselho. Velhos hábitos dificilmente morrem.
“As coisas”, Regis respondeu, “vão melhorar em cerca de uma hora.”
Eles andaram de forma barulhenta pela câmara atrás da sacada, que uma vez foi uma bela sala de visitas que era parte do aposento dos Hastur, então, foram até o fim do corredor, e passaram pelo escritório que Regis conservava, mesmo que não vivesse no Castelo, e desceram um lance de escadas.
“Oh?” Danilo ergueu uma sobrancelha. “Estamos indo para a Zona Terráquea então?”
Regis riu como um garoto que tenta fugir de seus deveres. Ele ainda sentiu a atração do espaçoporto, com a promessa de mundos que eram estranhos e deliciosamente assustadores. Anos atrás, ele aceitou que seu dever ficava aqui, no planeta de seu nascimento, com tudo aquilo implícito.
Andando rapidamente, Regis e Danilo fizeram sua caminhada até o Quartel-general Terráqueo. Eles não eram os únicos tirando vantagem do temporário enfraquecimento do amargo inverno. Eles passaram por homens com capas de pele, mulheres cobertas até os olhos com camadas de lã, um ocasional Terráqueo resfriado vestido com uma jaqueta termal sintética, e carroças sendo puxadas por cavalos cobertos por mantas ou chervines de chifres duros. Uma garota vestida com uma jaqueta vermelha varreu uma camada de neve do caminho de pedras na frente de uma loja. Na esquina, uma mulher vendia fatias de maçã saindo vapor e bem cheirosas de uma vasilha de óleo quente e salpicadas com açúcar Terráqueo.
Danilo ficou perto, com uma sombra mortífera como o aço que carregava. Regis não teve dúvida de que qualquer um que se aproximasse deles ameaçadoramente não viveria para se arrepender. Desde a época que serviram a Guarda da Cidade juntos, ambos raramente ficavam desarmados. Suas armas eram honoráveis, não estas de um covarde, para se matar de uma distância segura. Adaga, faca, e uma espada, todas completavam o homem que as usava em igual risco. O pacto que eliminou armas de destruição em massa mas permitiu pequenas lutas durou mil anos na ética Darkovana.
A fronteira entre Thendara de Darkover e o Mercado Terráqueo se embaçaram ao passar dos anos, deixando uma zona que era uma mistura das duas culturas, às vezes exótica, às vezes estranha, às vezes o pior dos dois mundos. Danilo ficou alerta ao ver dois oficiais da Força espacial vestidos com uniformes de couro preto, mas um sussurrou ao outro e eles se afastaram.
Conforme se aproximaram da torre de vidro e aço do Quartel-General Terráqueo, um dos guardas parados ali sorriu e acenou, “Bom dia, Lord Hastur.”
Regis refletiu que desde que seu avô era vivo, Danvan permaneceu Lord Hastur, mas o homem era bem intencionado. Seria um desperdício de fôlego repreendê-lo por simples ignorância.
Depois de dialogar por um tempo, Regis e Danilo entraram no estabelecimento, onde uma recepcionista os informou que o Legado os estava aguardando. Se Lord Hastur esperasse um momento que fosse, ela chamaria alguém para escoltá-lo. “Eu sei o caminho,” Regis disse suavemente. “Como você pode ver, eu trouxe minha própria escolta.” Antes que ela pudesse protestar, ele e Danilo passaram rapidamente por ela para dentro das entranhas da construção.
Regis Hastur, o Herdeiro de seu Domínio, ficou em uma sacada do Castelo Comyn e enrolou sua capa de pele em volta dos seus ombros. Ele era um homem alto na casa dos 20 anos, com um atrativo cabelo branco e a intensa beleza masculina de seu clã. Seu olhar lentamente se deslocou das torres de Thendara até a Cidade Comercial Terráquea, o edifício de aço crescente do complexo do Quartel-General do Império e, ainda além, o espaçoporto.
Durante este inverno, ele dividiu seu tempo entre ir à sessões da Corte, negociando disputas e acordos de troca entre magistrados de cidades e várias guildas, e se encontrando com representantes do Império Terráqueo e enviados diplomáticos dos Sete Domínios que antes formavam o Conselho de Darkover.
Estranhamente, Regis achou os dias em que o Comyn se reuniu, nostálgicos, debatendo e discutindo, armando esquemas e tramas, planejando casamentos e trocando fofocas, mesmo nesses tempos quando uma tradicional tarde de dança e música era pontuada por um ocasional duelo formal.
Esses dias, ele refletiu, nunca mais viriam. Entre uma baixa taxa de natalidade, declínio natural e os assassinatos dos Destruidores de Mundos, o Comyn foi dizimado, e os que sobraram se espalharam. Esses últimos dez anos têm sido uma árdua luta para restaurar a ecologia do planeta enquanto tentava-se desenvolver um novo sistema de governo. Em seus momentos mais pessimistas, Regis admitiu que sua idéia de um novo Conselho governando, aberto para telepatas de qualquer castelo, foi um simples esquema de uma mente capenga. No que ele estava pensando, trocar homens que foram educados para liderar desde o nascimento por uma assembleia remendada que era inexperiente, e por vezes analfabeta, constantemente independente patologicamente? Até mesmo os Guardiões, com anos de rigorosa disciplina no uso de seus poderes psíquicos, tinham pouco treinamento sobre algo além de suas próprias Torres.
A única bênção salvadora, ele pensou, era que o Conselho Telepata era muito disparatado e desorganizado, portanto seria incomum fazerem algo efetivo em larga escala. O que aconteceria se uma crise demandasse ação unificada? Ele supôs que o que sobrou do Comyn iria se mobilizar; certamente, as pessoas iriam, se ele perguntasse.
Se eu perguntasse . . .
Regis não precisava mais ficar em guarda constante contra a adaga de um assassino ou Destruidor Compacto-proibido Terráqueo, mas nenhum poder sob o Sol Sangrento poderia apagar a impressão de temor quando passasse pelas ruas e nem silenciar os sussurros, “O Lorde Hastur”. As pessoas se curvavam a ele em sinal de respeito e gratidão, não tendo idéia de como sua adoração caiu como ácido sobre sua alma.
Mesmo sem os passos sileciosos, Regis sabia pelo seu melhorado humor e a iluminação de seu coração, que Danilo Syrtis-Ardais havia entrado na sala atrás dele. Ele fechou os olhos, abrindo espaço em sua mente onde seus pensamentos se encontravam.
Com um clique da fechadura, Danilo fechou a porta e foi ficar ao lado de Regis. “Bredhyu”, ele modulou o termo casta de uma maneira muito mais íntima que o normal significado de irmão jurado.
“O que lhe incomoda, Regis?”
Regis virou as costas para a cidade para encarar seu complexo. Danilo vestia as cores Hastur, azul e prata, com uma pesada capa de inverno de lã cinza-escuro sobre um dos ombros, assim sua espada fica facilmente alcançável. A preocupação escureceu seus olhos.
“Nada além deste meu feio humor,” Regis respondeu, tentando manter sua voz leve. “vai passar logo, agora que você está aqui.”
Os olhos de Danilo cintilaram à parede de pedra. O Castelo era uma cidade por si só, uma massiva acreção de séculos, com torres, quintais e salões de festa, um labirinto de salas e corredores, escadas e arcos, lareiras e parapeitos, que os quartéis já reservaram para o uso de cada Domínio durante a época do Conselho, e a cintilante cúpula da Câmara de Cristal. O salão principal da Guarda estava no nível de baixo, com suas próprias barracas, arsenal e campo de treinamento.
A boca expressiva de Danilo se encolheu. “Este lugar é como uma tumba.”
“Sim, mas uma que requer cuidado constante. Mesmo com inteiras secções fechadas, o resto deve ser mantido. O Castelo não funciona sozinho e o Avô não tem essa vontade.”
Regis manteve-se em silêncio, deliberadamente evitando o lógico próximo ponto da discussão. O que o Castelo precisava, como Danvan Hastur lembrou a Regis fundamentalmente, era uma senhora do castelo, uma Lady Hastur para sua original função.
Com uma leve inclinação da cabeça, Danilo abriu a porta da sacada e recuou para que Regis pudesse prosseguir.
“Os restos do inverno são sempre deprimentes,” disse Danilo. “As coisas vão melhorar na primavera,” aludindo não somente os dias mais claros, mas também ao velho costume do Comyn de se reunir em Thendara para a época do Conselho. Velhos hábitos dificilmente morrem.
“As coisas”, Regis respondeu, “vão melhorar em cerca de uma hora.”
Eles andaram de forma barulhenta pela câmara atrás da sacada, que uma vez foi uma bela sala de visitas que era parte do aposento dos Hastur, então, foram até o fim do corredor, e passaram pelo escritório que Regis conservava, mesmo que não vivesse no Castelo, e desceram um lance de escadas.
“Oh?” Danilo ergueu uma sobrancelha. “Estamos indo para a Zona Terráquea então?”
Regis riu como um garoto que tenta fugir de seus deveres. Ele ainda sentiu a atração do espaçoporto, com a promessa de mundos que eram estranhos e deliciosamente assustadores. Anos atrás, ele aceitou que seu dever ficava aqui, no planeta de seu nascimento, com tudo aquilo implícito.
Andando rapidamente, Regis e Danilo fizeram sua caminhada até o Quartel-general Terráqueo. Eles não eram os únicos tirando vantagem do temporário enfraquecimento do amargo inverno. Eles passaram por homens com capas de pele, mulheres cobertas até os olhos com camadas de lã, um ocasional Terráqueo resfriado vestido com uma jaqueta termal sintética, e carroças sendo puxadas por cavalos cobertos por mantas ou chervines de chifres duros. Uma garota vestida com uma jaqueta vermelha varreu uma camada de neve do caminho de pedras na frente de uma loja. Na esquina, uma mulher vendia fatias de maçã saindo vapor e bem cheirosas de uma vasilha de óleo quente e salpicadas com açúcar Terráqueo.
Danilo ficou perto, com uma sombra mortífera como o aço que carregava. Regis não teve dúvida de que qualquer um que se aproximasse deles ameaçadoramente não viveria para se arrepender. Desde a época que serviram a Guarda da Cidade juntos, ambos raramente ficavam desarmados. Suas armas eram honoráveis, não estas de um covarde, para se matar de uma distância segura. Adaga, faca, e uma espada, todas completavam o homem que as usava em igual risco. O pacto que eliminou armas de destruição em massa mas permitiu pequenas lutas durou mil anos na ética Darkovana.
A fronteira entre Thendara de Darkover e o Mercado Terráqueo se embaçaram ao passar dos anos, deixando uma zona que era uma mistura das duas culturas, às vezes exótica, às vezes estranha, às vezes o pior dos dois mundos. Danilo ficou alerta ao ver dois oficiais da Força espacial vestidos com uniformes de couro preto, mas um sussurrou ao outro e eles se afastaram.
Conforme se aproximaram da torre de vidro e aço do Quartel-General Terráqueo, um dos guardas parados ali sorriu e acenou, “Bom dia, Lord Hastur.”
Regis refletiu que desde que seu avô era vivo, Danvan permaneceu Lord Hastur, mas o homem era bem intencionado. Seria um desperdício de fôlego repreendê-lo por simples ignorância.
Depois de dialogar por um tempo, Regis e Danilo entraram no estabelecimento, onde uma recepcionista os informou que o Legado os estava aguardando. Se Lord Hastur esperasse um momento que fosse, ela chamaria alguém para escoltá-lo. “Eu sei o caminho,” Regis disse suavemente. “Como você pode ver, eu trouxe minha própria escolta.” Antes que ela pudesse protestar, ele e Danilo passaram rapidamente por ela para dentro das entranhas da construção.
Continua...
Maravilhoso!!!!!!
ResponderExcluirMal posso esperar para ler o resto...adoro Regis e Danilo. Parabéns!
Ana Claudia