quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Forja de Zandru - trecho 9

Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti

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Da janela de sua torre, Carolin Hastur, chamado de Carlo devido ao seu apelido de infância, observava o estranho garoto parado do lado de fora dos portões de Arilinn. Punhos fechados, costas rígidas, o garoto puxava e expelia o ar continuamente. O próprio Carolin não tinha vocação para o trabalho na Torre, mas podia reconhecê-la nos outros. Nunca antes tinha visto tanta paixão, tanta intensidade como naquela forma esguia lá embaixo.
Carolin tinha apenas uma modesta quantidade de laran e nenhum interesse particular em se enclausurar dentro de uma Torre. Estava ali apenas temporariamente, pois seu destino fora estabelecido no momento de seu nascimento. Tinha sido enviado a Arilinn na última primavera, com dezessete anos, como parte do treinamento adequado aos jovens de sua casta.
Olhando para o garoto abaixo, vendo os ombros ossudos subir e descer, a tensão em cada músculo, Carolin podia muito bem crer que o garoto havia nascido para a Torre, do mesmo modo que ele, Carolin, nascera para o trono. Lembrou-se de como o garoto havia falado ao kyrri, não apenas em palavras, mas com o gentil toque mental que até mesmo Carolin pôde sentir.
Teria sido rejeitado sumariamente? Qualquer estudante propenso para a Torre tinha a hospitalidade que merecia. Uma ou duas vezes pelo que Carolin sabia, os Guardiões mandavam um garoto apropriado para outra Torre. Cada círculo mantinha o equilíbrio de diferentes habilidades e dons.
O Guardião deve ter uma boa razão para o que fez, disse a si mesmo. E iria me dizer para me manter longe das coisas que não são do meu interesse. Ele se jogou na cadeira perto da janela, desejando que fosse tão simples expulsar aquela figura esguia e intensa de seus pensamentos.
A parede interna de seu quarto era arredondada como a torre do lado de fora, com uma cama construída na única parede reta. Posicionado entre as duas janelas, um suporte de ganchos continha mantos e roupas comuns. Um pequeno baú de madeira negra esculpida era espaço mais do que suficiente para seus poucos pertences pessoais. Por ser um Hastur, tinha também um pequeno braseiro para aquecer e uma escrivaninha. Diferente dos outros novatos, ele podia ler e era ensinado em outras coisas que um príncipe devia saber. Tinha um carro-aéreo a sua disposição, um cavalo na estrebaria da cidade, e muitos outros privilégios de sua posição.


continua...

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