Autores: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Bruna Masdjid
...
"São os pássaros-espíritos?" Elena, a menor das meninas, perguntou a Garin.
"Se for, eles estão muito longe", ele respondeu. "Eles vivem acima da linha de neve, então estamos seguros aqui." No entanto, com tantos estranhos acontecimentos fora de época que mais poderia dizer? Ele enfiou a menina nos braços de Lina e foi conversar com Raymon para alternar o posto de sentinelacom ele durante a noite. O que fariam se um banshee atacasse, ele não sabia. Eles não tinham armas contra tal predador.
Eles fizeram um progresso lento por causa das crianças, mas depois de quatro ou cinco dias a terra pareceu menos estéril. Eles chegaram até um abrigo de viagem em meio a uma clareira. Raymon montou armadilhas, e café da manhã deles foi coelho-de-chifres cozido com grão torrados provenientes da dispensa do abrigo. Garin não teve a má vontade habitual com o grupo o dia todo, as barrigas cheias aliviaram o medo, assim como a fome.
Pela manhã, eles percorreram florestas esparsas e estranhamente atrofiadas. Aqui e ali, o esqueleto esbranquiçado de uma árvore imensa se destacava entre as outras. Garin imaginou qual praga havia caído sobre a terra, mas não disse nada. Ele estava perdido em seus pensamentos quando Lina, que estava andando atrás dele carregando a pequena Elena, gritou: "Olha! Lá, mais a frente, o que é aquilo?"
Garin sacudiu-se alerta. A trilha era curva e sob seu estado natural, na encosta pendiam arbustos onde as folhas se amontoavam contra os pedrugulhos espalhados. Quando Lina apontou, ele distinguiu uma massa escura volumosa, meio esparramada na trilha.Por um instante, ele pensou que poderia ser uma criança vestida com uma pele manchada. Quando ele se aproximou, viu que era algum tipo de animal. Ele diminuiu o passo, cauteloso. Lina veio até ele, deixando para trás as crianças. "É um kyrri ferido?"
Garin franziu o cenho. Ele nunca tinha posto os olhos sobre um dos seres não-humanos, mas ele sempre pensava nelas menores e cobertas de pêlo espesso e cinza. "Isso é outra coisa."
Ao som da voz de Lina, a criatura se mexeu, suas costelas tremendo. Ela deu um gemido, como um pássaro assustado. Lina hesitou. Garin tentou empurrá-la por trás dele, mas ela seguiu de perto. Juntos, eles deram outro passo.
"Está tudo bem, nós não lhe machucaremos." Garin tentou entonar sua voz suave e relaxantemente. Se a ela foi ferida, pode se debater aterrorizada.
Eles se aproximaram, e ele viu completamenteas costelas através da pele pálida coberta com pêlos ásperos, esparsos. Em um movimento convulsivo, ela rolou em direção a eles. Os olhos avermelhados brilhavam a partir de um rosto largo e sem queixo. Lágrimas correram por sua face, e ela piscou para a claridade do dia. Ela abriu a boca e deu outro grito alto e tremido. Ao mesmo tempo, estendeu um braço muito longo e fino para ser humano, em direção a eles. À vista dos dedos alongados, o gesto inconfundível de apelo, o coração Garin balançou.
"A criatura - Eu acho que é uma mulher do povo das árvores", falou em voz baixa."O que está fazendo aqui, tão longe de sua casa?" Lina murmurou. O povo das árvores mantido estritamente em seu próprio território, nas florestas entre o rio Kadarin a as Hellers. Com um gemido, ela deixa seu braço cair sem graça no chão. Garin começou a andar em sua direção.
"Não lhe toque!" Lina gritou, agarrando seu braço. "Parece doente. Poderia lhe passar a febre!"
"Eu não penso assim." O coração de Garin pulsava em seus ouvidos, mas ele não conseguia desviar seu olhar da pobre criatura.
continua...
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