sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Forja de Zandru - trecho 29

Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross


Tradução: Gisele Conti

...


No momento seguinte, a imagem sumiu. O Harald real apareceu, a espada não mais pressionada contra sua garganta.
- Rapaz, - Eiric gritou para Harald, - velha logo pra cá.
Varzil manteve-se firme enquanto Harald passava por ele e corria para os braços de seu povo. Os olhos de Varzil não deixaram os do homem-gato. No fundo de sua mente, sentiu novamente aquele gosto de ferro. O homem-gato esperava para ver se ele cumpriria sua promessa.
Os homens de Eiric voltaram pelo túnel, apoiando Harald. Haviam levado a tocha; apenas um brilho instável iluminava a pequena caverna. Os olhos do homem-gato brilharam em vermelho e depois desapareceu. Varzil virou-se para seguir os homens, mas sabia que estava sozinho na caverna.
Encontrou-se com eles depois de algumas voltas, pois Eiric havia ordenado que parassem para esperá-lo. Harald ainda andava sozinho, mas oscilava. Apesar da febre de seu ferimento, seus olhos escuros estavam bem.
- O quê... o quê aconteceu? - Harald perguntou.
- Um feiticeiro, seu irmão, - um dos homens disse.
- Varzil?
Varzil pegou um dos braços de Harald e Eiric pegou o outro. - Vamos sair daqui. Aquele bando não é mais problema nosso.
- Agora sabemos onde se entocaram, ou suas proximidades, podemos ir atrás deles enquanto nos convir, - Eiric disse.
- Não. - Varzil pronunciou calmamente a palavra, mas sentiu seu efeito sobre o homem. - Não deve fazer isso. Fiz um acordo com eles. A ovelha e imunidade em troca de Harald.
- Acordo? - Eiric disse, mas sua voz o traía. Estava pronto para acreditar em qualquer coisa, pois não havia outra explicação para o que havia testemunhado. - Eu... eu não vi acordo nenhum.
- Dei-lhes a palavra de Ridenow, o mais próximo disso que aquelas criaturas pudessem entender. Você não desonrará esse juramento.
Não falaram mais nada até saírem pela saliência e descerem a encosta ao sol pleno da manhã. Logo que alcançaram os cavalos, com comida e água nos alforjes, pararam para lavar e cuidar dos ferimentos de Harald.
Varzil ajoelhou-se ao lado de Harald e pegou as mãos febris nas suas. Com um puxão, Harald pediu que ele se inclinasse para falar-lhe em particular.
- No começo, pensei que você fosse apenas outro sonho, - Harald disse em um sussurro. - Um delírio provocado por meu ferimento infeccionado. Mas você estava me chamando, não estava? E de algum modo tocou a mente daquele gato-monstro, próximo o bastante para fazê-lo recuar.
- Ofereci-lhe a ovelha, livre e segura, se deixasse você ir.
- Eles teriam a ovelha de qualquer maneira. - Harald tossiu, remexendo-se. - Teremos que ir logo. O Pai ficará desesperado.
- Oh, ele já está, - Varzil replicou.
- Como... como conseguiu fazer aquilo? Tivemos as mesmas lições e sei que nunca poderia me comunicar com aquela criatura. E ainda... você nunca esteve em uma Torre.
- Não, mas gostaria.
Algo me aconteceu em Arilinn... um despertar, um novo começo... ou não seria capaz de fazer o que fiz aqui.
Não, Arilinn se fora para ele, não importava o que Auster dissesse. Ele tinha feito sua escolha... ser o filho de seu pai.
Os dedos de Varzil envolveram os de seu irmão, soltando-se apenas com o tremor reflexivo. - O Pai pensa... - as palavras vieram aos turbilhões, com toda a intensidade contida nas últimas horas, - ele pensa que não tenho laran o suficiente para merecer treinamento. - Ele interrompeu-se. Não iria implorar, não para seu pai, nem para ninguém do clã Ridenow.
A testa de Harald se franziu, seus olhos escureceram. - Não tem laran o suficiente... suficiente apenas para fazer o que ninguém nunca fizera antes, forjar um acordo com um homem-gato! - Seu olhar tremeluziu para o de Varzil. - Eu não estaria vivo sem esse seu laran. Um Dom como este não pode ser desperdiçado. Arilinn será, mesmo que tenha que derrubar suas paredes sozinho. Falarei com meu Pai. Você terá sua chance.


continua...

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