quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Forja de Zandru - trecho 43

Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. RossTradução: Gisele Conti


...

Jerônimo acondicionou os baús de Carolin, certificando-se de que estavam bem seguros. O dia estava bem agradável, mas naquela estação, tempestades podiam vir através das Planícies sem o menor aviso. Agora, a pista de decolagem já estava limpa. O piloto gesticulou para que os três passageiros tomassem seus lugares. Houve uma comoção e Varzil percebeu que Eduin pretendia sentar-se ao lado de Carolin.
- Se não se importa, - Varzil disse, - gostaria de sentar-me na frente, ao lado do piloto, para estudar a operação do carro-aéreo.
Carolin pareceu um pouco surpreso, mas Eduin lançou-lhe um olhar que dizia o quão pouco aquilo lhe interessava, o quão inferior era para o trabalho das Torres. Varzil tomou feliz seu lugar ao lado de Jerônimo.
Logo que Jerônimo ativou os aparatos de laran do carro-aéreo e colocou-o em movimento, Varzil percebeu a diferença entre este vôo e aquele que tinha tomado há um ano atrás. Daquela vez todo o processo pareceu-lhe misterioso. Agora, após meses de treinamento intensivo, seus talentos intensificados pelo contato com tantas mentes Dotadas, ele pôde seguir cada movimento, cada mudança na força, como se iluminado pelo mais brilhante sol.
Jerônimo parou no meio de uma explicação para olhar para Varzil com uma expressão de espanto. Varzil tinha estado em contato direto com seus pensamentos, seguindo sem intrusão enquanto o piloto direcionava a força armazenada nas baterias de laran junto aos mecanismos condutores. Os olhos de Jerônimo se arregalaram. Suas mãos, formando os gestos complexos que suportavam e guiavam seus pensamentos, caíram abertas em seu colo.
- Eu... eu o ofendi de alguma maneira? - Varzil perguntou.
- Como poderia me ofender? Eu não sentia um toque mental tão forte desde que deixei meu próprio Guardião. Jerônimo inclinou sua cabeça. - Vai dom. - A frase significava “lorde merecedor” e carregava o respeito devido a alguém de uma posição extremamente superior.
- Jero. - Varzil tocou o outro homem levemente nas costas de seu pulso, ao estilo da Torre. - Você é um laranzu treinado por si só e nunca deve sentir-se inferior do que nenhum outro homem. Nem mesmo um Guardião. Pois do mesmo modo que cada parte do corpo tem sua própria função para sustentar a vida, cada um de nós tem seus próprios Dons. Eu nem mesmo sei qual é o meu, não completamente. Mas o seu não é menor do que qualquer coisa que eu possa fazer. Você entendeu?
Os ombros de Jerônimo se curvavam, embora ele não olhasse para Varzil.
- Agradeço-lhe por compartilhar seu conhecimento comigo. - Varzil disse na estranha pausa que se seguiu.
Horas se passaram enquanto as Planícies cobertas de neve se estendiam abaixo. Varzil avistou uma linha de colinas púrpuras ao horizonte. Quando perguntou, Carolin explicou que estavam se aproximando do extremo sul das Colinas Kilghard. Ao norte, na direção da terra dos Altons, as colinas continuavam até unirem-se às selvagens Hellers. Mas dali, à beira das terras baixas, elas pareciam amenas e prazerosas.


continua...

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