Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: Ariane Pierine
Tradução: Ariane Pierine
...
- Suponho que aquele... que aquela coisa era um skritek, e que as coisas redondas como pedras eram ovos de skritek – disse Fiolon.
Quasi, no banco de trás deles, segurava o leme, e confirmou muito sério que era aquilo mesmo. Mikayla estremeceu e olhou para a margem.
- Posso lidar com os skriteks adultos, mas não com aquelas coisas! Gosto menos ainda deles agora que os vi tão de perto – ela observou. – E nunca mais quero chegar perto de um deles. Se foi você que atirou aquela pedra, Fiolon, obrigada. Acho que salvou minha vida. O que vamos fazer agora?
- Acho que devemos voltar para as ruínas – disse Fiolon com a voz trêmula. – Prefiro enfrentar vozes estranhas a um filhote de skritek.
- Concordo – disse Mikayla. – Olhe aqueles ovos!
Na margem outros ovos balançavam e rachavam em vários pontos. Quando cada um dos filhotes que surgia avançava na direção do resto, um de seus companheiros recém-nascidos caía sobre ele, estalando aqueles dentes horríveis, e o fazia em pedaços. Logo toda a praia era uma massa de garras, presas e filhotes arrebentados, espalhados e lambuzados com seu horroroso sangre preto-esverdeado. O grupo desviou os olhos enojado enquanto os barcos deslizavam rapidamente rio abaixo.
Por alguns minutos os três ficaram em silêncio nos barcos. Fiolon estava de pé na proa, pilotando entre as margens escuras, enquanto Quasi continuava a segurar as embarcações juntas. Mikayla, ainda um pouco trêmula, foi ajudar Quasi. É claro que já tinha visto os famosos afogados antes, mas com os poucos que encontrou tinha conseguido se entender. Criaturas com as quais não podia se comunicar ou argumentar eram outra história, e bem diferente!
Mikayla e Fiolon despertaram ao amanhecer, prontos para explorar as ruínas. Quasi não estava nem um pouco animado, mas já que suas opções eram ficar sozinho para trás ou acompanhar as crianças, ele foi com eles, resmungando o tempo todo.
Caminharam com todo cuidado, tateando pelo caminho cheio de mato que levava às ruínas, de olho em qualquer ovo que parecesse com uma pedra, mas não encontraram nenhum.
- Acho que o lugar de desova deles é rio acima, não aqui – comentou Fiolon.
- Esperamos que sim – disse Quasi, carrancudo.
- Não sinto nenhum perigo aqui – observou Mikayla. – Quasi, você disse que quem vinha aqui ouvia vozes... mas há alguma história de alguém ter sido atacado aqui?
- A maioria das pessoas, princesa, tem bastante juízo para correr quando ouve vozes estranhas – disse Quasi maldosamente.
- Em outras palavras, não – traduziu Mikayla. – Ninguém nunca saiu ferido daqui.
- Não que se saiba – Quasi não parecia satisfeito.
- Vamos ficar de olho nos esqueletos, então – disse Mikayla, sentindo-se muito mais animada, apesar dos avisos do oddling.
- Olhem – exclamou Fiolon, tão de repente que Mikayla achou que ele de fato tinha encontrado um esqueleto. – Aquele prédio lá na frente... parece intacto.
As duas crianças saíram correndo, e Quasi foi atrás, muito infeliz.
O prédio estava mesmo inteiro, e quando cruzaram a porta, as vozes que Quasi mencionou começaram.
- Elas não parecem ameaçadoras – observou Mikayla, parando para ouvir.
Fiolon escutava atentamente.
- Acho que estão dizendo a mesma coisa em línguas diferentes, uma espécie de discurso de boas-vindas ou proclamação, talvez. Ouçam as cadências. Estão vendo como são similares?
Mikayla ficou ouvindo até as vozes pararem, mas balançou a cabeça.
- Eu não tenho o seu ouvido, Fiolon, mas tenho certeza que você tem razão. Venha, músico mestre, vamos ver se encontramos outra caixa de música para você.
continua...
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