sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Trevas Satânicas - trecho 4

Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: Suzana Andrade


...

Jamie Melford encarou o amigo com uma expressão preocupada. Era demasiado sensível para fechar com um riso o que estava incomodando tanto o homem mais velho, mas o ceticismo enraizado nele lhe disse que era apenas um disparate. Declarou, em uma voz que reflete o dilema interior:
- Bem, Jock, não sei o que dizer. Nunca pensei que ia te matar ser influenciado por tais situações. Não é você que expôs falsos médiuns em seu primeiro livro?
- Sim, admitiu Cannon falando devagar, - e só mais tarde percebi que alguns não poderiam se expostos, não porque todos eles foram mais espertos do que eu. Além disso, mais tarde eu percebi que ninguém se dá ao trabalho de simular falsos fenômenos paranormais sem um verdadeiro modelo a ser imitado.
- Bem, sobre isso eu não tenho nada a dizer, cortou Melford. - Eu não sou nenhum expert. Eu só sei que seus livros estão vendendo bem e que você sabe, não há muita gente neste país, que leu tudo o que puder sobre o assunto, incluindo qualquer novo volume de John Cannon. Mas você está sendo perseguido, não a mim. Eu nunca minto como as chamadas telefônicas como agora, mas você não vai se intimidar com essas pessoas, certo, Jock?
- Espero que não, mas... Sua voz tremeu. - Eu não sei o que fazer. A carta que recebi esta manhã...
Ele enfiou a mão no bolso e tirou uma folha que repousou sobre a mesa. Em seguida, desdobrou para lê-la.
As letras maiúsculas, desordenadamente, diziam:

RETIRE O NOVO LIVRO
E SALVE SUA VIDA, OU
JONATHAN LAWRENCE CANNON
PREPARE-SE PARA MORRER.

Melford balançou a cabeça, os lábios apertados com raiva.
- Aparentemente sabe o nome pelo qual foram assinados os contratos, para que o assunto, apenas comentando. Cannon teve um tom desconfiado.
- Eu acho que você não quer... retirar o livro ...
- Você está louco? Mas se eu lhe disser que para mim é o seu melhor trabalho. O que acha sua esposa disso, Jock?
- Eu tentei mantê-la na ignorância, disse Cannon. – Consegui esconder tudo exceto a galinha morta. Foi ela quem encontrou, e ficou abalada. Bess é uma mulher em extinção, veio comigo em torno de todo o Haiti para o livro sobre vudu, para que ela saiba o significado desse símbolo. Naturalmente, a resposta possível, para ela - ele sorriu - é apenas uma volta ao redil. Eu disse que não queria lutar superstição com superstição, como se a água benta e um rosário pudessem desfazer a maldição...
Jamie riu alto.
- Bem, se um deles tem uma base real, também devem ter outros, homem, disse ele. - Talvez você deva combater fogo com fogo. Eles teriam grandes problemas se eles queriam colocar uma maldição sobre quem vai à missa, não?
Cannon respondeu com dignidade tranqüila:
- Eu não sou um homem religioso, mas respeito a religião de Bess e também finjo acreditar.
Jamie ficou sério.
- Você está certo, eu suponho, mas eu respeito muito a racionalidade para retirar o livro e deixar que um grupo de loucos me amedrontem. E eu acredito que o mesmo se aplica a você, Jock. Por que você não vai descansar um pouco? Você parece cansado, você está mal e provavelmente você tem os nervos a flor da pele. Ouça, como sobre se eu chamo de contabilidade de hoje porque você ceder uma vez, com uma antecedência, para que possa dar ao luxo de ir e em alguns dias a mexer? Ser visto por um médico para uma verificação geral: Quando você diz que você está saudável como um peixe, você tem vergonha de tudo o que você imaginou. Eu ficarei bem, Jock, nunca me perdoaria se você deixasse um punhado de manivelas para fazê-lo com medo, Ele se levantou e estendeu a mão. - E agora eu devo mandá-lo embora, homem, eu tenho um compromisso com a Barbara, coquetel às cinco. Dê um abraço em Bess e diga para chamar Barbara um destes dias, para marcamos para jantarmos juntos. Então, eu vou enviar o cheque, ok?
Cannon levantou-se, ainda por decidir o que fazer, mas o aperto de mão vigoroso e as palavras tranqüilizadoras de Jamie o impediram de continuar. Jamie Melford, quando estava com a porta da editora fechada, murmurou:
- Uau! Pobre homem! E com isso, eu ouvi tudo isso, e o levou de volta o manuscrito. Sorrindo, ele escreveu uma nota para seu assistente, Peggy Kane, cobrando o adiantamento, deu-lhe um prazer fazer um favor para um dos seus autores, e a agitação da Cannon o tinha perturbado profundamente.
Fora do escritório, esperando no saguão o elevador, Jonathan Cannon pressionando a mão em seu coração, seu rosto transfigurado por uma careta de dor. Tirou a carta amassada do bolso e olhou para ela, em seguida, fechou os olhos.
continua ...

Nenhum comentário:

Postar um comentário