Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti
5
Varzil nunca viajara de carro-aéreo antes, e achou a experiência inquietante. Lorde Serrais possuía um, e Varzil avistara outro enquanto este pairava sobre Arilinn antes da reunião do Conselho. Ele admirou sua graça silenciosa, a habilidade e astúcia em seu modo de voar.
Sentou-se atrás do piloto, observando os dedos do homem nos controles ou fazendo gestos ocultos. Da cabine do veículo, baterias de laran emanavam uma corrente de energia para a propulsão e manejo de mecanismos.
O contato de Varzil com os telepatas da Torre o havia aberto para novas e perturbadoras sensações. Ele sentiu a força armazenada como um predador acorrentado, rosnando e espreitando. Mesmo durante a alegria da decolagem, ele sentiu o quão facilmente tanto poder podia transformar-se em outros propósitos mais mortais. Como tantas outras coisas, laran podia curar ou matar, servir ou destruir.
O piloto olhou sobre o ombro para Varzil. - Não há nada a temer. Não é mágica, mas uma técnica que qualquer um com habilidade e treinamento pode manejar.
- Qualquer um com a riqueza para manter algo assim, - Dom Felix resmungou.
- Sim, eles são caros, mas isso é porque há muito poucos com o Dom e a disciplina para operá-los, - o piloto replicou. Ele falou bem educadamente, mas sem a deferência normalmente devida de um servo para um lorde, por menor que seja sua posição.
Ele não é um servo, Varzil pensou. Ele é um laranzu por si só.
- Qual é seu nome, piloto? - ele perguntou.
- Jerônimo Lanart, - veio a resposta sem a adição de “m‘lorde” ou “vai dom”.
Varzil captou parte do pensamento do homem. Lorde Carolin deve ter achado importante levar rapidamente esses dois para casa ou nunca teria mandado seu próprio carro-aéreo trazê-los.
Lorde Carolin? O herdeiro do trono de Hastur? Ele estava em Arilinn para a sessão do Conselho?
Uma súbita rajada de vento os tirou de curso, e o piloto abaixou seu painel de instrumentos novamente. Varzil ergueu-se em seu assento, procurando por uma vista melhor. Logo que voltaram à rota, ele perguntou sobre os controles.
- Alguns têm ligações mecânicas. - Jerônimo explicou as alavancas mais simples. - Outros requerem pensamento impulsor. Os sistemas de manejo são feitos para padrões específicos de laran. Usamos gestos padronizados por uniformidade. Aqui... - Ele estendeu uma mão e moveu seus dedos de uma posição vagarosamente para outra e depois uma terceira. - Tente você.
Os gestos eram bem fáceis de imitar. - Agora, siga meus movimentos assim...
Uma imagem apareceu na mente de Varzil, um falcão estendendo suas asas no ar. Varzil emitiu o pensamento adiante com um gesto do dedo. O movimento moldou a energia de sua mente para mover os guias de matriz dentro do carro-aéreo. Uma onda de força em resposta ergueu as curtas asas da aeronave.
...continua
Nenhum comentário:
Postar um comentário