sábado, 10 de setembro de 2011

O Dom Alton - trecho 3

Autores: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Bruna Masdjid

...
"Eu não penso assim." O coração de Garin pulsava em seus ouvidos, mas ele não conseguia desviar seu olhar da pobre criatura. "Não tem havido febre do povo das árvoresdesde o tempo dos nossos pais. Alguma magiaTerranan deu um fim a isso. Este deve estar morrendo de fome. Vê como ela é magra? Suas florestas devem ter sido queimadas, como as nossas."
"O que podemos fazer por ela? Temos nossas própriaspreocupações. As crianças dependem de nós."

"Nós podemos viver em outros lugares", disse ele. "Nas planícies, nas Terras baixas, em Nevarsin;ou, que Aldones nos ajude, até mesmo em Thendara. Mas esses animais...", ele fez uma pausa, se corrigiu: "esta gente não têm para onde ir. Não conseguem viver sem as suas árvores.E se um dos nossos... morresse sozinho em um lugar distante? Certamente, esta criatura merece a nossa compaixão, se não o nossa ajuda.”.
Lina olhou de Garin para amulher do povo das árvores. Uma névoa embaraçouseus olhos. Ela disse com a voz embargada: "Eu tenho vergonha das minhas palavras egoístas. Pensei apenas em nossos próprios sofrimentos. Você acha que poderia aceitar comida de nós?”.
Garin pensou por um momento, depois pediu a Raymon para trazer-lhe algumas maçãs secas e a água do menor cantil de pele. O menino veio rapidamente com a comida. Dizendo a Lina para ficar atrás dele, Garin se aproximou do ser do povo das árvores.
"Veja, eu lhe trouxe comida e água." Garin agachou-se ao lado da mulher dopovo das árvores. Elatinha parado de choramingar e parecia respirar com dificuldade. Uma película cobria seus olhos vermelhos. Seu braço esticou em direção a Garin, palma erguida.
Garin não achou que ela poderia levantar o cantil de pele cheio d’água, mesmo que soube beber naquilo. Ele teria que erguer a sua cabeça e segurar o bico em sua boca.
Ele pegou um pedaço de maçã, umedecido com a água do cantil, e colocou-a na mão aberta. A pele estava seca, como velhas folhas. "Comida. Comer, comer. Bom".A mulherdo povo das árvores não respondeu, exceto pela ondulação lenta e hesitante do seu peito. Garin segurou a maçã na frente do nariz achatado, esperando que o cheiro a estimulasse a comer. Nada aconteceu. Seu estomago contraiu. Ele cuidou suficientemente de seus próprios parentes durante a inanição parareconhecer quando alguém se encontra em um estágio final.
A respiração enfraqueceu, as pausas se prolongaram. Aos poucos, um estremecimento nos músculos ao redor da boca aparecia e sumia, depois cessou. O ser do povo das árvores estavaabsolutamente imóvel.
Garin se recusou a deixar o corpo à mercê dos animais selvagens. Com a ajuda de Raymon e Lina, ele carregoua mulherdo povo das árvores um pouco para fora da trilha. Eles o colocaram em uma depressão rochosa e cobriram-no com pedras soltas que pudessem se aglomerar.
Eles seguiram em silêncio por um tempo.

...continua

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