Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti
Tradução: Gisele Conti
...Mas não conseguiu formular as palavras.
Eles se encararam, mal podendo ver as feições um do outro na semi-obscuridade. - Um Ridenow de seu próprio sangue deve ir atrás dele, - Dom Felix disse em uma voz grossa.
Varzil saltou pela abertura. - Então me deixe ir! - Quando seu pai hesitou, ele insistiu. - Está sempre me instigando a tomar meu lugar aqui, a ser responsável... então me deixe! Dê-me o comando desses homens e deixe-me liderar o resgate. Juro que se Harald estiver vivo ou não, o trarei de volta para você!
Ele sentiu a leve curvatura no corpo de seu pai, a onda de alívio rapidamente controlada.
Ao menos se Varzil pudesse se tornar um filho para mim, um crédito para sua casa! Mas ele é um moleque fraco, e dado a sonhos lunáticos. Esses homens estão acostumados a líderes severos. Eu os comandei sob mão de ferro. Não seguirão um fraco.
Havia apenas uma maneira de descobrir. Varzil soltou seu pai, dizendo para Eiric. - Leve meu pai de volta para casa e deixe-o sob os cuidados adequados, depois volte. Os outros, tragam os cavalos e tochas. Iremos para as colinas!
- Vocês, - Felix disse, sua voz rouca pela emoção e fadiga, - ouviram as palavras de meu filho. Obedeçam-no como o fariam comigo.
Varzil montou e rapidamente selecionou os homens que iriam com ele. Um dos pastores havia sido convocado para liderá-los nas colinas. Seu pequeno e forte chervine estava quase tão desgrenhado quanto seu mestre. O animal trotava ao longo do vestígio de uma trilha, tão confiante como se esta tivesse sido uma estrada maior ao meio-dia.
Depois que estavam bem afastados das construções externas, Eiric conversou com Varzil enquanto cavalgavam lado a lado. Eiric segurava alto sua tocha, lançando uma luz bruxuleante sobre os poucos centímetros adiante da trilha e sobre a forma curva do casaco de lã branca do pastor.
- Mestre Varzil, - Eiric disse, - isso é loucura, e, além disso, cruel ao dar esperanças ao velho. O pastor pode nos levar ao local, com toda a certeza. Dizem que podem ver no escuro tão bem quanto seus animais. Mas e depois? Não podemos seguir uma trilha do nada. Pelo que sabemos, esta busca não dará em nada e o jovem mestre já deve estar morto.
Escuridão. Respiração pesada. O constante latejar de um ferimento piorando.
- Ele ainda está vivo, - Varzil disse com uma certeza que o surpreendeu. Não podia ver no escuro antes e nem agora, mas ainda assim, outros e novos sentidos despertaram nele, acionados pelo intenso contato com o povo de Arilinn. Não tinha palavras para este conhecimento, apenas a absoluta certeza de sua verdade.
- Temos que encontrá-lo logo, - Varzil disse, meio que para si mesmo. - Ele está ferido, e os homens-gato ainda estão em sua trilha. Por enquanto, ele está seguro.
- Agora, como você pode saber? - A voz de Eiric se elevou. Então ele ficou em silêncio e Varzil tocou seus pensamentos. No tempo em que era um rapazote, ele tinha o Dom. O velho lorde tentou encobri-lo, mas não se pode ignorar uma coisa assim para sempre. E ele esteve em Arilinn, aquele ninho de feitiçaria. Algo aconteceu com ele ali, isso está claro. Não dá pra saber se foi bom ou ruim. O tempo irá dizer. Mas se ele pode achar nosso jovem lorde e poupar o coração do velho, então tudo vale a pena.
Eles continuaram mais devagar agora enquanto o terreno se elevava e tornava-se rochoso. O último raio de luz cor de ferrugem deixou o céu. Graças a Aldones, três das quatro luas brilhavam no céu noturno sem nuvens.
O terreno se inclinava rapidamente. Rochas de granito brilhavam na luz multicor. Partículas iridescentes radiavam na rocha. Algumas eram grandes como cavalos, outras do tamanho de um pulso. Entre elas as sombras se tornavam cada vez mais escuras.
Anos atrás, Varzil explorara a área quando devia estar procurando ovelhas perdidas ou inspecionando as fronteiras. As colinas eram crivadas de cavernas, lugares maravilhosos quando se procurava por lugares frescos durante os poucos dias quentes de verão.
- Este é o lugar? - um dos homens atrás de Varzil perguntou.
O pastor sussurrou algo. Seu chervine agitou os chifres ao bater dos sinos.
- Vá para casa, - Varzil lhe disse. - Você fez um grande trabalho esta noite.
Com outro murmúrio e um puxão em sua franja, o homem levou sua montaria e desapareceu.
Varzil empurrou seu cavalo adiante, deixando o animal tomar seu caminho através das rochas amontoadas. Eiric andou a um passo atrás com a tocha erguida. Sua luz tremeluzia sobre os arbustos silenciosos. O emaranhado de sombras abaixo revelou formas, o corpo de dois homens, um caído sobre o outro. Próximo deles se espalhavam três ou quatro homens-gatos mortos.
Varzil desceu de seu cavalo e aproximou-se dos dois homens caídos. Ajoelhando-se diante deles, estremeceu com a sensação de vazio, a ausência interna da centelha de vida. Não era a imobilidade de seus membros ou o silêncio de seus corações que o tocaram. Em tudo ao seu redor, ele sentia energia... o arbusto crescendo pacientemente, as partículas brilhantes dos insetos, o farfalhar dos coelhos-de-chifres em suas tocas, o planar distante de uma coruja. Ele havia visto a morte antes, em animais e em homens. Esteve presente quando seu avô deu seu último suspiro. O terror daquele misterioso momento ainda assombrava seus sonhos.
Eles se encararam, mal podendo ver as feições um do outro na semi-obscuridade. - Um Ridenow de seu próprio sangue deve ir atrás dele, - Dom Felix disse em uma voz grossa.
Varzil saltou pela abertura. - Então me deixe ir! - Quando seu pai hesitou, ele insistiu. - Está sempre me instigando a tomar meu lugar aqui, a ser responsável... então me deixe! Dê-me o comando desses homens e deixe-me liderar o resgate. Juro que se Harald estiver vivo ou não, o trarei de volta para você!
Ele sentiu a leve curvatura no corpo de seu pai, a onda de alívio rapidamente controlada.
Ao menos se Varzil pudesse se tornar um filho para mim, um crédito para sua casa! Mas ele é um moleque fraco, e dado a sonhos lunáticos. Esses homens estão acostumados a líderes severos. Eu os comandei sob mão de ferro. Não seguirão um fraco.
Havia apenas uma maneira de descobrir. Varzil soltou seu pai, dizendo para Eiric. - Leve meu pai de volta para casa e deixe-o sob os cuidados adequados, depois volte. Os outros, tragam os cavalos e tochas. Iremos para as colinas!
- Vocês, - Felix disse, sua voz rouca pela emoção e fadiga, - ouviram as palavras de meu filho. Obedeçam-no como o fariam comigo.
Varzil montou e rapidamente selecionou os homens que iriam com ele. Um dos pastores havia sido convocado para liderá-los nas colinas. Seu pequeno e forte chervine estava quase tão desgrenhado quanto seu mestre. O animal trotava ao longo do vestígio de uma trilha, tão confiante como se esta tivesse sido uma estrada maior ao meio-dia.
Depois que estavam bem afastados das construções externas, Eiric conversou com Varzil enquanto cavalgavam lado a lado. Eiric segurava alto sua tocha, lançando uma luz bruxuleante sobre os poucos centímetros adiante da trilha e sobre a forma curva do casaco de lã branca do pastor.
- Mestre Varzil, - Eiric disse, - isso é loucura, e, além disso, cruel ao dar esperanças ao velho. O pastor pode nos levar ao local, com toda a certeza. Dizem que podem ver no escuro tão bem quanto seus animais. Mas e depois? Não podemos seguir uma trilha do nada. Pelo que sabemos, esta busca não dará em nada e o jovem mestre já deve estar morto.
Escuridão. Respiração pesada. O constante latejar de um ferimento piorando.
- Ele ainda está vivo, - Varzil disse com uma certeza que o surpreendeu. Não podia ver no escuro antes e nem agora, mas ainda assim, outros e novos sentidos despertaram nele, acionados pelo intenso contato com o povo de Arilinn. Não tinha palavras para este conhecimento, apenas a absoluta certeza de sua verdade.
- Temos que encontrá-lo logo, - Varzil disse, meio que para si mesmo. - Ele está ferido, e os homens-gato ainda estão em sua trilha. Por enquanto, ele está seguro.
- Agora, como você pode saber? - A voz de Eiric se elevou. Então ele ficou em silêncio e Varzil tocou seus pensamentos. No tempo em que era um rapazote, ele tinha o Dom. O velho lorde tentou encobri-lo, mas não se pode ignorar uma coisa assim para sempre. E ele esteve em Arilinn, aquele ninho de feitiçaria. Algo aconteceu com ele ali, isso está claro. Não dá pra saber se foi bom ou ruim. O tempo irá dizer. Mas se ele pode achar nosso jovem lorde e poupar o coração do velho, então tudo vale a pena.
Eles continuaram mais devagar agora enquanto o terreno se elevava e tornava-se rochoso. O último raio de luz cor de ferrugem deixou o céu. Graças a Aldones, três das quatro luas brilhavam no céu noturno sem nuvens.
O terreno se inclinava rapidamente. Rochas de granito brilhavam na luz multicor. Partículas iridescentes radiavam na rocha. Algumas eram grandes como cavalos, outras do tamanho de um pulso. Entre elas as sombras se tornavam cada vez mais escuras.
Anos atrás, Varzil explorara a área quando devia estar procurando ovelhas perdidas ou inspecionando as fronteiras. As colinas eram crivadas de cavernas, lugares maravilhosos quando se procurava por lugares frescos durante os poucos dias quentes de verão.
- Este é o lugar? - um dos homens atrás de Varzil perguntou.
O pastor sussurrou algo. Seu chervine agitou os chifres ao bater dos sinos.
- Vá para casa, - Varzil lhe disse. - Você fez um grande trabalho esta noite.
Com outro murmúrio e um puxão em sua franja, o homem levou sua montaria e desapareceu.
Varzil empurrou seu cavalo adiante, deixando o animal tomar seu caminho através das rochas amontoadas. Eiric andou a um passo atrás com a tocha erguida. Sua luz tremeluzia sobre os arbustos silenciosos. O emaranhado de sombras abaixo revelou formas, o corpo de dois homens, um caído sobre o outro. Próximo deles se espalhavam três ou quatro homens-gatos mortos.
Varzil desceu de seu cavalo e aproximou-se dos dois homens caídos. Ajoelhando-se diante deles, estremeceu com a sensação de vazio, a ausência interna da centelha de vida. Não era a imobilidade de seus membros ou o silêncio de seus corações que o tocaram. Em tudo ao seu redor, ele sentia energia... o arbusto crescendo pacientemente, as partículas brilhantes dos insetos, o farfalhar dos coelhos-de-chifres em suas tocas, o planar distante de uma coruja. Ele havia visto a morte antes, em animais e em homens. Esteve presente quando seu avô deu seu último suspiro. O terror daquele misterioso momento ainda assombrava seus sonhos.
continua...
Gostaria de achar o livro em portugue pra comprar.
ResponderExcluir