Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti
...
Carlo deu de ombros e voltou para o tabuleiro. Em alguns minutos, apenas a garota de cabelo vermelho e outra mais jovem, com cachos louros puxados para trás em uma fita, e os dois garotos ficaram na sala.
A garota de cabelo vermelho começou a cantar uma balada em uma voz baixa e doce. Varzil não podia entender todas as palavras, mas reconhecia a melodia. A canção contava a história da queda de Neskaya e Tramontana, como o povo de uma Torre foi forçado a fazer chover relâmpagos psíquicos sobre seus parentes da outra. Divididos entre amor e dever, irmãos jurados escolheram sacrificar-se a si mesmos em vez de cometer tal atrocidade. Era uma melodia estimulante, que fazia o sangue correr e os pés baterem de leve no chão.
Carlo murmurava junto, seu corpo dançando inconscientemente. Finalmente, o último refrão acabou e as garotas foram para os seus aposentos.
Depois de terem ido, Varzil não podia dizer qual parte da canção o comovera. Ouvira-a muitas vezes em diferentes versões durante todos esses anos. E o desempenho da garota, apesar de bem prazeroso, não era especialmente tocante. Apenas sabia que o garoto ao seu lado sentira a mesma onda de emoção. Talvez, disse a si mesmo, fosse o fato de estar ali em Arilinn, um lugar parecido com as Torres da canção, entre pessoas parecidas com aqueles mesmos heróis, e sabendo que era um deles. Viria a valorizá-los tão ardentemente? Auster e Fidelis, até mesmo Lunilla, já tinham seu respeito e admiração. Com o tempo, Carlo também teria... mas Eduin?
Varzil inspirou o ar e soltou-o com um suspiro. - Temo que já tenha feito um inimigo, - ele disse. - E não sei por que.
- Está falando de Eduin? Estou feliz que não me considere um inimigo. - Carlos disse com um sorriso atraente. - Não se preocupe com ele. Verá que é legal quando o conhecer. É um pouco sério, eu acho. Está aqui há quatro anos e já está treinando com os níveis mais altos. Tem o direito de sentir-se um pouco superior àqueles de nós que não trabalham nos círculos.
- Você não?
- Ah, algumas vezes, quando o trabalho não é muito difícil. Faço tudo que me é permitido, mas todos sabem que não estou aqui para ficar. Pode-se dizer que é uma temporada, treinamento para o trono e não para a Torre.
- O...? Quem... quem é você, Carlo?
Carlo baixou a cabeça, mostrando pela primeira vez sua falta de confiança. - Pensei que sabia. - Olhos cheios de uma luz cinza encontraram os de Varzil. - Sou Carolin Hastur.
Carolin Hastur. Hastur de Hastur, sobrinho e herdeiro de Rei Felix. A morte de Rafael II fez de Carolin o próximo líder da linhagem mais poderosa do Reino Hastur.
Já haviam se passado dois séculos desde a Paz de Allan Hastur, que trouxera um fim ao longo e sangrento conflito entre Ridenow e Hastur. A guerra ainda era latente nos Cem Reinos, dividindo-se em uma dúzia de pequenos conflitos. Hastur e Ridenow ainda não se encontraram em lados opostos... ainda.
No impulso, Varzil esticou seus dedos e colocou entre as mãos dobradas de Carolin. Não era bem um gesto de lealdade, e não se encaixaria em nenhuma questão.
O que quer que aconteça, nós dois seremos como irmãos.
Devemos, veio o pensamento de Carolin. Então, em voz alta, - Não sei por que, mas você pertence a esta Torre, do mesmo modo que eu pertenço ao mundo, e para o bem do nosso mundo, devemos construir uma ponte entre nós.
Como os bredini da canção. Embaraçado pelo próprio sentimento romântico, Varzil se afastou. Sem o contato físico, eles quebraram o contato. Algo permaneceu, como se realmente tivessem se jurado naquele breve momento.
continua...
Carlo deu de ombros e voltou para o tabuleiro. Em alguns minutos, apenas a garota de cabelo vermelho e outra mais jovem, com cachos louros puxados para trás em uma fita, e os dois garotos ficaram na sala.
A garota de cabelo vermelho começou a cantar uma balada em uma voz baixa e doce. Varzil não podia entender todas as palavras, mas reconhecia a melodia. A canção contava a história da queda de Neskaya e Tramontana, como o povo de uma Torre foi forçado a fazer chover relâmpagos psíquicos sobre seus parentes da outra. Divididos entre amor e dever, irmãos jurados escolheram sacrificar-se a si mesmos em vez de cometer tal atrocidade. Era uma melodia estimulante, que fazia o sangue correr e os pés baterem de leve no chão.
Carlo murmurava junto, seu corpo dançando inconscientemente. Finalmente, o último refrão acabou e as garotas foram para os seus aposentos.
Depois de terem ido, Varzil não podia dizer qual parte da canção o comovera. Ouvira-a muitas vezes em diferentes versões durante todos esses anos. E o desempenho da garota, apesar de bem prazeroso, não era especialmente tocante. Apenas sabia que o garoto ao seu lado sentira a mesma onda de emoção. Talvez, disse a si mesmo, fosse o fato de estar ali em Arilinn, um lugar parecido com as Torres da canção, entre pessoas parecidas com aqueles mesmos heróis, e sabendo que era um deles. Viria a valorizá-los tão ardentemente? Auster e Fidelis, até mesmo Lunilla, já tinham seu respeito e admiração. Com o tempo, Carlo também teria... mas Eduin?
Varzil inspirou o ar e soltou-o com um suspiro. - Temo que já tenha feito um inimigo, - ele disse. - E não sei por que.
- Está falando de Eduin? Estou feliz que não me considere um inimigo. - Carlos disse com um sorriso atraente. - Não se preocupe com ele. Verá que é legal quando o conhecer. É um pouco sério, eu acho. Está aqui há quatro anos e já está treinando com os níveis mais altos. Tem o direito de sentir-se um pouco superior àqueles de nós que não trabalham nos círculos.
- Você não?
- Ah, algumas vezes, quando o trabalho não é muito difícil. Faço tudo que me é permitido, mas todos sabem que não estou aqui para ficar. Pode-se dizer que é uma temporada, treinamento para o trono e não para a Torre.
- O...? Quem... quem é você, Carlo?
Carlo baixou a cabeça, mostrando pela primeira vez sua falta de confiança. - Pensei que sabia. - Olhos cheios de uma luz cinza encontraram os de Varzil. - Sou Carolin Hastur.
Carolin Hastur. Hastur de Hastur, sobrinho e herdeiro de Rei Felix. A morte de Rafael II fez de Carolin o próximo líder da linhagem mais poderosa do Reino Hastur.
Já haviam se passado dois séculos desde a Paz de Allan Hastur, que trouxera um fim ao longo e sangrento conflito entre Ridenow e Hastur. A guerra ainda era latente nos Cem Reinos, dividindo-se em uma dúzia de pequenos conflitos. Hastur e Ridenow ainda não se encontraram em lados opostos... ainda.
No impulso, Varzil esticou seus dedos e colocou entre as mãos dobradas de Carolin. Não era bem um gesto de lealdade, e não se encaixaria em nenhuma questão.
O que quer que aconteça, nós dois seremos como irmãos.
Devemos, veio o pensamento de Carolin. Então, em voz alta, - Não sei por que, mas você pertence a esta Torre, do mesmo modo que eu pertenço ao mundo, e para o bem do nosso mundo, devemos construir uma ponte entre nós.
Como os bredini da canção. Embaraçado pelo próprio sentimento romântico, Varzil se afastou. Sem o contato físico, eles quebraram o contato. Algo permaneceu, como se realmente tivessem se jurado naquele breve momento.
continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário