sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A Forja de Zandru - trecho 56


15



Após a refeição noturna vinha o período de descanso e socialização, seguido pela dança. Diziam que quando mais de dois darkovanos se encontravam, sempre começava uma festa. A tradição se estendia por todas as noites até que os últimos convidados partissem.
Pelas próximas horas, casais circularam e traçaram desenhos no espaço aberto. Carolin, resplandecente no couro flexível nas cores azul e prata de Hastur, dançou com todas as damas mais velhas, como era apropriado para um jovem de sua posição. Mais tarde naquela noite, quando o vigor tivesse diminuído e os mais velhos se retirado, haveria tempo o bastante para se divertir com seus amigos. Por enquanto, portanto, as boas maneiras deviam ser mantidas.
A próxima dança, seguindo em uma série de passos e giros, era para casais. Orain guiou sua esposa até o centro, e raramente Carolin vira a aversão mútua entre eles tão claramente exposta. Ela era de uma posição superior, pressionada a se casar, pela vontade da família de se aproximar do rei. Orain, por conseguinte não ousara recusar a honra concedida a ele. Gratidão, Carolin refletiu, podia ser o veneno mais traiçoeiro de todos.
Carolin observou Rakhal conduzir Maura em seus braços. Seu rosto corava com o excitamento. Seu vestido verde-mar, de corte simples e cruzado com o tartã de Elhalyn, acentuava a suavidade de sua pele e dava um brilho glorioso ao seu cabelo.
Carolin franziu a testa. Rakhal não a segurava como se ela fosse sua irmã adotiva e virgem leronis. Mesmo no curto tempo em que Carolin estava de volta, ele ouvira rumores sobre a conduta de seu primo com as mulheres, sempre jogando seu charme Hastur. Certamente Maura não podia comprometer a Visão, nem mesmo pelo homem que algum dia poderia clamá-la como esposa. Nem Rakhal seria tolo de privar Hastur de um Dom tão raro. Contudo, antes que Carolin pudesse dizer algo, a dança chegou ao fim.
Rakhal estendeu seu braço para escoltar Maura de volta onde as mulheres solteiras de Hastur se sentavam, mas ela olhou para Carolin e acenou para que se aproximasse. - Carlo é um parceiro tão solícito quanto você, - ela disse a Rakhal, - e preciso conversar com ele.
Com um sorriso que moveu sua boca, mas não alcançou seus olhos, Rakhal a entregou. Ela passou sua mão pelo cotovelo de Carolin, puxando-o de lado.
- Algo a perturba? - ele perguntou, embora claramente estivesse se divertindo. Cachos úmidos escapavam da rede trançada de jóias emoldurando sua face. Ele notou o suave e doce aroma de hidromel em sua respiração, mas seu passo estava firme e a voz séria.
- Carlo, você dançou a noite toda com tias que costumavam trocar seus calções, elas já o conhecem há muito tempo.
Ele suspirou. - É uma pequena gentileza, sem mencionar minha responsabilidade social. - As damas eram viúvas ou solteironas, e seria escandaloso para elas dançar com qualquer um que não fosse parente.
- E é sua responsabilidade certificar-se de que seus convidados tenham a oportunidade de desfrutar a dança também.
Eles se aproximaram da fileira de cadeiras ocupadas pelas tais damas, e pela primeira vez, Carolin notou Dyannis Ridenow sentada entre elas. Alguém, provavelmente a própria Maura, havia cuidado da aparência da garota, pois seu cabelo estava enrolado na nuca em belas tranças, trançadas com finas tiras prateadas de onde pendia uma cascata de sininhos brancos. Seu vestido, um pouco grande demais para ela, era na cor verde-prateada que Maura adorava, e que ficou muito bem na garota. Ela não usava tartã, apenas um longo cachecol de lã branca, solto em volta de seu ombro. Enquanto fazia calor no centro da pista de dança, ao redor costumava ficar mais arejado.
Ela não tem parente nenhum aqui para dançar com ela, - Maura murmurou. - Esperava que Ranald Ridenow estivesse conosco, mas ele não chegou. - Ela impulsionou Carolin alegremente na direção das damas. - Vá, agora, e cumpra seu dever.
Carolin sabia quando estava sendo manipulado. Como hóspede e amigo de seu irmão, ele podia dançar com Dyanna sem manchar sua reputação. Ela sorriu, reconhecendo-o, ainda mais encantada quando ele se inclinou e estendeu-lhe a mão.
- Se Varzil estivesse aqui, ele teria a honra desta dança, - Carolin disse a ela. - Então terei que compensar o máximo que puder.
Tomaram a posição próxima à beira da pista para uma rodada de quatro casais. Rakhal estava dançando novamente, desta vez com Jandria, no conjunto ao lado. Diferente das outras damas em seus vestidos apertados de seda, Jandria usava uma túnica e um vestido de lã de um suave dourado. Ela parecia confortável e aquecida, e a cor combinava com seu cabelo escuro. Carolin não havia percebido o quanto ela era bonita.
Quando começaram os passos lentos de abertura, Rakhal aproximou-se de Carolin.
- Primo, onde encontrou aquela linda pombinha? Deve guardá-la todinha só para si.
- Ela é irmã de Varzil, e uma noviça em Hali, - Carolin disparou, suas palavras sibilando acima da música. Então os movimentos da dança os levaram para diferentes direções.
Dyannis percebeu um olhar da parte de Rakhal, então perdeu um passo e a dama dançando à sua diagonal teve que correr para manter a figura intacta.    
- Temo que não seja uma dançarina muito elegante, - ela disse. - Em casa, preferimos as danças antigas. Não há nada desse negócio de escolher e esperar ser escolhido. Danço com quem eu quiser, seja meu Pai, seja Kevan ou o garoto da cozinha.
- Não se preocupe, - ele respondeu. - Creio que algumas dessas figuras foram inventadas por mestres da dança ansiosos para provar o quanto eram indispensáveis. Quanto mais insanamente complicado, melhor, ou algo desse tipo.
 Dyannis riu, relaxando, e enquanto a dança se aproximava do fim, ele se viu desejando poder dançar outra com ela. Ela merecia mais do que conversas infinitas sobre costura, bebês e pessoas que não conhecia, observando todos os outros se divertindo com a dança. Também não se sentia totalmente confiante com Rakhal prestando atenção em seus sinais. Ela era tão influenciável, uma simples garota do campo intimidada pela Torre e pela corte.
Carolin avistou Eduin, ao lado da mesa onde as bebidas e as delícias eram servidas. - Venha, - ele disse, colocando sua mão sobre a dela. - Deixe-me levá-la para outro dos amigos próximos de seu irmão. Assim terá dois parceiros de dança, sem precisar de um garoto da cozinha.
Uma estranha expressão passou pelas feições de Eduin quando Carolin o cumprimentou, um momento de confusão misturado com contentamento enquanto olhava para Dyannis.
- Carlo assegura-me ser perfeitamente apropriado que dancemos, mesmo tendo acabado de nos conhecer, pois você e Varzil são bredin. - Ela usou a palavra querendo dizer, “irmãos jurados”, com a educada inflexão.
- Sinto muito, damisela, quando nos falamos na mesa do Rei, tomei-a por companhia de Dama Maura da Torre Hali. Não percebi que também fosse de lá.
Dyannis não se ofendeu por ter sido confundida com uma respeitável companhia em vez de uma leronis. - Como poderia saber? Estou em Hali há pouco tempo. Ainda tenho que me ocupar com as transmissões ou fazer qualquer trabalho, além de buscar coisas para os curandeiros. Foi Maura que fez com que viesse juntar-me ao meu irmão para o Festival, e agora, infelizmente, ele está confinado na enfermaria de Hali e nós estamos aqui, privadas de sua companhia. Príncipe Carolin contou-me que vocês três estudaram juntos em Arilinn.
- Nós somos amigos, sim, - Eduin replicou com tanta avidez que Carolin percebeu que qualquer ressentimento que ele pudesse nutrir contra Varzil já tinha sido esquecido.
- Oh! - ela disse, soltando Carolin e pegando a mão de Eduin. - Talvez eu esteja sendo muito audaz e devesse esperar que você tivesse me convidado. Nunca havia vindo à corte, nem mesmo às terras baixas, e os modos parecem ser bem diferentes por aqui. Você me achará não mais educada do que um banshee!
Eduin riu, o som mais alegre que Carolin jamais ouvira dele. - Não consigo pensar em destino mais agradável do que ser convidado para dançar por você!
Enquanto ele se retirava para atender ao seu próximo dever, Carolin sentiu-se imensamente feliz com si mesmo por ter trazido um pouco de humor inofensivo aos seus amigos. Eles dançariam e flertariam um pouco, divertindo-se muito, e em dez dias voltariam às suas respectivas Torres. A única coisa que faltava para completar sua sensação de contentamento era Varzil estar lá para compartilhar aquilo com ele.
Varzil chegou dois dias depois, parecendo exausto por sua estranha aventura. Naquela tarde, Carolin sentou-se com seus amigos na câmara exterior de sua suíte, que havia se tornado lugar costumeiro de encontro. Estivera toda a manhã na cortes, tomando o lugar de seu tio no banco de julgamento.
Uma batida soou na porta, que abriu para que entrasse o guarda Sean e Varzil. Varzil vestia roupas justas e escuras que enfatizavam sua magreza e pele clara. Ele fitou para Carolin e sorriu.
Dyannis, que se inclinava sobre um jogo de castelos com Eduin, deu um pulo e atirou os braços ao redor do pescoço do irmão com um grito de alegria. Naquele instante, ela foi de jovem leronis reservada para criança entusiasmada. Ele envolveu-a em um abraço e ergueu-a no ar.
- Ufa! Ponha-me no chão! - Ela soltou-se e pulou para o chão. - Ou direi a todos com o que se parecia na última vez que o vi!
- Vamos, não amole, - Jandria disse, sobrancelhas erguidas. - Ele está largando você, mas deve nos contar mesmo assim!
Varzil riu. - Um rato afogado, mais precisamente. Ou um rato afogado congelado.
- Ou um rato afogado, congelado, meio-depenado, estrábico e bêbado-do-Festival-de-Inverno! - Dyannis interrompeu.
- Com o que quer que tenha se parecido, ele está conosco agora, - Carolin disse calorosamente. - E estamos felizes de tê-lo aqui.
Até Eduin saudou Varzil com uma cordialidade incomum. Era como se, Carolin pensou, a companhia estivesse incompleta sem Varzil, só que ninguém percebera até que ele voltasse.
Só mais tarde Carolin encontrou tempo para uma conversa particular com Varzil. Carolin fez sua esperada aparição para o jantar real e dança, mas escapou o mais cedo que pôde, sem ser notado. Varzil dispensou a dança, pois os monitores de Hali proibiram tal esforço por mais alguns dias.
Carolin foi até os aposentos de Varzil e rapidamente, ambos sentaram-se de pernas cruzadas na grande cama sob a luz de um candelabro, falando do jeito que falavam em Arilinn. Suas risadas e gestos provocavam correntes de ar que faziam as chamas dançar. Por mais que falassem um ao outro, sempre havia ainda mais para se dizer.
Varzil apertou um travesseiro contra o peito, os olhos sombrios. - Carlo, o que aconteceu comigo lá embaixo...
- O que aconteceu? Você tocou aquela coluna de pedra e começou a ter convulsões. Você nos matou de susto. - E nesse momento parece assustado do mesmo jeito.
- Sim, pareço, - Varzil disse distraído. - Estou. - Ele suspirou profundamente. - Sabe que objetos podem se tornar psiquicamente carregados. Podem carregar impressões mentais, particularmente de fortes emoções. Principalmente se foram usados como parte de um feitiço de laran. Pedra, madeira e terra não têm canais para carregar a energia como os corpos vivos, mas têm seus próprios padrões de energia, de acordo com a natureza de cada um.
- Como a água carrega o relâmpago em uma tempestade, - Carolin concordou.
- Sim, isso mesmo. Quando a energia do relâmpago passa pela água, deixa um leve traço. Não é perceptível por meios comuns e dissipa-se rapidamente. Mas a coluna de pedra no fundo do Lago foi construída especialmente para atrair certas energias, através dela. Quando a toquei, meus próprios campos de energônios entraram em contato físico com ela. O padrão de como tinha sido usado entrou em mim. Eu vi... - Varzil baixou os olhos, - Eu estava lá, como um fantasma com olhos e ouvidos, mas nenhuma voz, e vi como o lago tornou-se o que é hoje.  
Carolin soltou a respiração. Olhos escurecidos pela emoção encontraram os dele. - Você testemunhou o Cataclismo?
- O começo dele, talvez. Não foi uma catástrofe natural.
- Não, não achei que fosse. Aconteceu durante o auge da Era do Caos, não foi?
- Duas Torres guerrearam uma contra a outra, como nas histórias de Tramontana e Neskaya. - Varzil apertou o travesseiro ainda mais forte. As juntas de seus dedos embranqueceram. - Só que desta vez era Hali... e Aldaran.
- Aldaran!
Em sussurros, Varzil descreveu como cada Torre preparara a batalha contra a outra, utilizando forças elementares do planeta e antigos medos.
- Se um ou outro lado tivesse sido realmente vencedor, não sei se Darkover teria sobrevivido, - Varzil disse, a voz trêmula. - Lidavam com forças além de seu controle. Distância não importava, nem tempo. Ninguém estava seguro daquelas armas, nem mesmo do outro lado do mundo. Se Aldaran tivesse tempo para completar seu ataque... Carlo, eu vi o que estavam tentando fazer. Eles teriam aberto a crosta planetária direto ao centro derretido. Hali, por sua vez, contava com uma força ainda mais antiga e superior. Não consegui ver direito sua forma final, e sou grato por isso. - Sua voz tornou-se obscura, hipnótica, e seus olhos estavam fora de foco.
E o que eu vi...
- Demônio... - Varzil gaguejou, visivelmente confuso com a memória, -... do mais escuro e frio inferno... a força detrás do crepúsculo... cinzas no negrume do espaço...
- Varzil! O que está acontecendo? - Vendo seu amigo balançar, olhos girando sob as pestanas cerradas, Carolin agarrou seus ombros.
- Mas Hali foi avisada... no tempo... eles agiram... desviaram o ataque para dentro do lago... coluna como um imã... modificaram água e ar...
- Varzil! Pode me ouvir?
Varzil estremeceu e, para alívio de Carolin, voltou, mais uma vez no comando de si mesmo.
- Carlo, isso é importante. Não foi por acidente que eu... eu recebi uma visão do passado. Está acontecendo de novo, não está vendo? Talvez não com aquelas mesmas armas, mas o conflito é o mesmo. Cada era tem sua própria loucura. Mas a lição do Cataclismo foi perdida.
- Não podemos aprender com aquilo que não podemos lembrar, - Carolin disse severamente. Ele pensou na destruição das duas Torres há apenas algumas décadas, do sonho de Liriel da reconstrução de Tramontana sob o controle de Hastur... e para quê? Para outra Torre ser usada como ferramenta para a guerra?
Carolin sentou-se, caindo para trás. Por toda a sua vida, vira homens de seu clã lutarem para conter as armas de laran, apenas para que novas nascessem como ervas venenosas em um jardim de rosalys. Se Felix em sua primazia, o grande Rei Rafael Hastur e até mesmo Allart Hastur não pudessem pôr um fim à loucura, que esperança ele tinha? Que esperança tinha qualquer um deles?
Olhou para Varzil, aquele pálido e esguio rapaz que havia presenciado um desastre que deixaria a maioria dos homens loucos. - Estamos condenados a repetir tudo de novo até finalmente destruirmos a nós mesmos?
- Enquanto os homens conceberam tais armas e serem capazes de usá-las, - Varzil disse, - acredito que sim.
Carolin nunca ouvira tanta desolação quanto agora, na voz de seu mais querido amigo. Algo quente e intenso fervia dentro dele. - Então devemos fazer com que aqueles homens não possam conceber tais armas!
- Como? - Varzil balançou a cabeça. - Enquanto homens forem homens e o tempo persistir, haverá aqueles que resolverão suas diferenças com uma espada ao invés de palavras.
- Então deixe que usem espadas um contra o outro, até que se transformem em uma polpa sangrenta! - Carolin bradou. - Pelo menos, aquele que desferir o primeiro golpe poderá muito bem cair sob o próximo! Que haja um fim ao fogo aderente, ao pó de água de osso e feitiços de matriz que atingem à distância.
- Certo - Varzil disse, a palavra ao estilo camponês, - esse é o problema, não é? Lordes podem se sentar em seus castelos e ordenar que suas Torres ataquem seus inimigos. Para cada nova arma, outra ainda mais terrível será inventada para contê-la. Eles não correm risco nenhum. Se eu fosse rei do mundo, - jogou esse jogo quando era criança? - iria decretar que qualquer um com uma disputa deveria entrar na arena e colocar seu próprio corpo como garantia de sua causa.
- Julgamento por combate individual?
Varzil sorriu, crueldade repuxando seus lábios.
- Não, os homens nunca voltarão àqueles dias, se ao menos existiram, - Carolin disse. O calor dentro dele havia se dissipado, deixando seus pensamentos estranhamente claros. - Não acredito que um dia desistiremos de combates armados ou das desculpas para provocar um. Se fosse rei do mundo, proibiria qualquer arma que não colocasse a vida de quem a empunhasse em igual ameaça. Forçaria todos os outros reis - sem dúvida, cada lorde desde a Muralha ao Redor do Mundo até os desertos das Cidades Secas - a assinar meu pacto.
Carolin então percebeu que Varzil olhava para ele como um cego fitando o sol. Ele deu uma pequena risada de auto-depreciação. - Eu disse algo estúpido?
- Não, - Varzil replicou, balançando a cabeça, ainda com aquela expressão de pavor. - Você disse algo... não sei porque não vi isso antes. Não um simples pacto baseado no consentimento dos homens, uma coisa que pode ser tão facilmente tomada quanto oferecida, mas um verdadeiro pacto de honra.
- Mesmo que pudesse forçar tal coisa às terras de Hastur, não consigo ver nenhum lorde se desfazendo de seus arsenais de laran, - Carolin disse e sorriu, sem vontade. - Mesmo assim, é um grande sonho, não é?
- Um que vale a pena sonhar, mesmo que não venha a acontecer nesta vida ou na próxima, - Varzil disse.
Carolin levantou-se e tocou a moldura da porta. Como se tocado por alguma presciência, estremeceu. Não por estar com medo; embora soubesse que estaria se pelo menos tentasse colocar seu pacto em ação, mas porque o mundo tinha mudado. O que quer que aconteça agora, nem ele ou Varzil voltariam a ser o que eram antes que aquelas palavras passassem entre eles.


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