Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti
...
- Olhe lá embaixo! - uma voz gritou de cima. - Algum moleque imprestável acampou sob nossa porta!
Varzil esticou o pescoço para trás para ver uma sacada que corria por toda a extensão do arco do Véu pelos lados da Torre. Dois garotos mais velhos se inclinavam, apontando. Pareciam estar saindo da adolescência, suas vozes já engrossadas, punhos e cinturas finas, mas com os ombros de um jovem homem.
- Você aí! Garoto! O que está fazendo aqui?
Algo na voz irritou os nervos de Varzil, ou talvez alguma irritação do encontro com o kyrri o levou a revidar, - O que interessa a vocês? Vim para ver o Guardião da Torre Arilinn, e este não é você!
- Como ousa falar conosco dessa maneira! - O jovem na Torre se inclinou. - Seu imprestável descarado!
O segundo garoto puxou seu amigo para trás. - Eduin, você não ganha nada o provocando dessa maneira. Ele não pode nos fazer nada de onde está, e com certeza não é nenhum mendigo de rua. Estas palavras não são adequadas para você. - Ele falou com um sotaque de aristocrata das terras-baixas.
Varzil levantou-se, coração saltitando. Uma dúzia de respostas passou pela sua mente. Suas mãos formavam punhos. Manteve seus dentes firmemente juntos, embora a respiração assoviasse através deles. Não havia passado a maior parte de seus anos engolindo insultos bem piores, para perder o controle agora.
O que estava fazendo, para provocar um confronto deste jeito? O que havia de errado com ele? Não custava nada ser cortês, mas insultos podiam muito bem criar inimigos futuros. Se tivesse sucesso, esses garotos se tornariam seus colegas de estudo. Além disso, a única pessoa cuja opinião importava era, afinal, o próprio Guardião.
Sem confiar em si mesmo para dizer qualquer coisa, Varzil simplesmente os reverenciou. Era a única coisa que pôde pensar que não pioraria as coisas.
O garoto chamado Eduin saiu da sacada, murmurando algo sobre respeito adequado para a dignidade da Torre. Varzil estava muito concentrado em segurar sua língua para entender todas as palavras. Mas o outro jovem, aquele que pedira precaução, permaneceu.
Varzil ergueu seus olhos. O sol lançava um vermelho brilhante no cabelo do outro garoto, os luminosos olhos cinza, as feições regulares. Os dois rapazes da Torre vestiam roupas simples, casacos com largos cintos de couro, sem nenhuma dúvida quanto a clã ou posição.
- Garoto, - ele chamou, e desta vez a palavra não trazia insulto. Sua voz era forte e clara, como se tivesse treinado para ser um cantor. - O que quer com o Guardião da Torre de Arilinn?
- Eu vim para... quero juntar-me a Torre. - Pronto.
continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário