terça-feira, 24 de maio de 2011

A Forja de Zandru - trecho 16

Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti

...
Por um terrível momento, Varzil pensou que seu pai tinha sumido e um dos demônios de Zandru havia tomado seu lugar. Não haveria piedade, nenhuma pausa até que a fúria se desvanecesse. Varzil conhecia o temperamento explosivo de seu pai. Até mesmo os cães da família sabiam quando se esconder ao ouvir a voz de seu mestre. Se Varzil desmaiasse, não sentiria mais nada depois. Seria bem pouco prazeroso acordar depois daquilo, mas ele tinha que agüentar. Levou uma mão ao rosto e se protegeu para o próximo soco.
Ele nunca veio. Um momento passou após o outro. Varzil baixou seu braço. Seu pai olhava para as palmas de suas mãos com uma expressão de confusão e sim, horror.
O que eu fiz?
Lágrimas turvavam os olhos do velho. A pele flácida de seu queixo tremia, revelando o formato do crânio mortal. O orgulho do velho ainda pressionava seus lábios, segurando suas palavras.
Se ele se apega ao seu orgulho, Varzil pensou, então devo ser humilde. Se ele não for o primeiro a falar, então eu serei.
Varzil ajoelhou-se, e alcançou as mãos de seu pai. Suas posições lembravam aquelas do vassalo e seu lorde quando trocavam juramentos de lealdade, mas com uma sutil diferença. Varzil pegou as mãos de seu pai entre as suas. - Por favor, me perdoe. Fui rude e desrespeitoso. Nunca desejaria trazer desonra à nossa família.
Quando começou a dizer as palavras que o fariam desistir de seu sonho, de algum modo, sua garganta se fechou.
Dom Felix ergueu Varzil e puxou-o para um rude abraço. - Não ouvirei mais nada. Você é um bom filho, ou o melhor que pode ser. Nada que eu diga o fará ver algum sentido nisso, até um cego pode ver isso. As coisas simplesmente têm que seguir seu curso. Tudo ficará melhor quando estivermos longe dessa cidade amaldiçoada e voltarmos para Água Doce.
Muito perturbado para protestar, Varzil concordou. Ele havia feito as pazes com seu pai, mas a que preço?

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