sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Shadow Matriz - 4

Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: André Henrique pereira e Ariane Pierini

...
− Há um complô contra mim. Não são esses homens, mas... outros. E esses garotos contarão tudo... tudo será arruinado! Eles tentarão nos impedir de... − A voz definhou.
Priscilla ponderou as palavras por um momento, espreitando Mikhail e Dyan com seus olhos cinzentos. Suas sobrancelhas se franziram por um momento, depois ela relaxou.
− Mikhail, prometa a Derik que nunca falará disso com ninguém. − Ela parecia acostumada aos temores do irmão, e soava como se mimasse uma criança emburrada. Ao mesmo tempo, havia uma aspereza no seu tom que não soava muito fraternal aos seus ouvidos.
Mikhail ponderou. Sempre tomara sua palavra seriamente, e não queria se comprometer com um juramento caso não pretendesse mantê-lo. Ele compreendeu que, se mencionasse o incidente a quem quer que fosse, o considerariam tão louco quanto Derik. Ninguém sabia que ele e Dyan tinham vindo ao Castelo de Elhalyn, de modo que não seria difícil. E ele estava curioso o bastante sobre o que o fantasma poderia dizer para fazer a promessa.
− Eu juro nunca falar disso com ninguém.
Ao seu lado, Dyan mexeu-se na cadeira.
− Eu juro nunca mencionar nada para ninguém. − Sua voz era veemente, e Mikhail sabia que ele queria dizer: Vou esquecer disso tão rápido quanto puder!
− Está vendo? − Priscilla indagou, parecendo satisfeita.
− Juramentos podem ser quebrados.
− Por que eles o fariam? Eles não lhe querem mal algum, irmão.
Fez-se um silêncio prolongado, e a figura nebulosa sobre a médium serpenteou no ar, deslocando-se e mudando sutilmente. O efeito era deslumbrante. Depois, sem nenhum aviso, a figura precipitou-se sobre eles, deixando longos rastros de fumaça. Mikhail sentiu uma bruma roçar sua fronte e se encolheu, o coração disparado contra as costelas. Ao seu lado, Dyan soltou um uivo de puro pavor, e apertou sua mão tão forte que quase quebrou os dedos de Mikhail.
Terminou rapidamente, e a bruma retrocedeu, mas Mikhail descobriu-se ofegante, e que apesar do frio da câmara encontrava-se ensopado de suor. Suas pernas tremiam debaixo da mesa.
− Os corações deles parecem bons − o espírito admitiu de má vontade.
− É lógico que seus corações são bons. Eles são meninos muito doces.
Apesar do pavor, Mikhail quase riu por ser chamado de menino. Priscilla era talvez onze anos mais velha que ele, mas se comportava como uma anciã na maior parte do tempo. Ele sugou as bochechas e engoliu a risada que ameaçava explodir de sua boca. Sempre tivera tendência a rir quando estava amedrontado ou alarmado, e sua mãe às vezes dizia que ele provavelmente riria a caminho da forca.
Lentamente, o medo passou, e com ele o ímpeto de rir. Mikhail engoliu em seco, desejando um copo de vinho. Se tudo que o fantasma podia fazer era envolvê-lo em bruma, realmente não havia nada a temer. E era uma pena que dera a sua palavra de nunca falar do acontecido, por que daria uma boa história.
Mikhail estava tão absorto em seus pensamentos que quase perdeu as palavras seguintes de Derik.
− O Protetor a aguarda. Chegou a hora!
− Finalmente! − Priscilla parecia radiante, mesmo à luz precária do fogo. O seu rosto claro estava ardente de alegria, e ela parecia mais uma menina do que uma mulher com cinco filhos. Mas também havia algo nocivo na sua reação, e Mikhail baixou os olhos rapidamente. Protetor? O que era isso?
− Logo estaremos juntos outra vez, irmão − ela sussurrou apenas alto o suficiente para que Mikhail ouvisse.
Apesar da sua tremenda curiosidade, ele decidiu que não queria saber nada mais do que já sabia. Estarem juntos? Priscilla planejava morrer? Não era o que parecia. Então ele mexeu os ombros, para aliviar a tensão e dissipar a sensação de embaraço. Havia tropeçado em algo que não era da sua conta, e quanto mais cedo saísse dessa, melhor.
A forma bruxuleante sobre a médium começou a dissipar, e o globo na mesa tornou a obscurecer. As mãos de Ysaba abriram, liberando os outros, e ela arriou para frente, sobre a mesa. Sua cabeça bateu contra a superfície brilhante com um baque audível, e ele se contraiu em empatia.
Duncan, que permanecera nas sombras até esse instante, deu um passo adiante. Ele portava um copo de vinho numa mão, e ergueu a mulher pelo ombro, pressionando o copo contra os seus lábios. Então os olhos dele encontraram os de Mikhail, e havia uma expressão de vergonha e aversão neles. A boca da médium abriu um pouco, e um pouco de vinho escorreu para dentro, embora mais derramasse no seu queixo.
Com o canto do olho Mikhail notou Dyan limpar nas calças a mão que Ysaba segurara. O seu rosto jovem estava contorcido de aversão, e Mikhail sentiu uma pontada de culpa. Nunca deveria ter trazido o amigo para o Castelo de Elhalyn.
Mik, eu me sinto sujo! Nunca quero passar por algo assim de novo! Vamos embora assim que o sol raiar... por favor! Esse lugar é horrível!
Creio que você tem razão. Mas eu me pergunto o que seria esse “Protetor”?
Eu não ligo se for o próprio Aldones... só quero dar o fora daqui!
Mikhail concordou silenciosamente com a opinião de Dyan. Na manhã seguinte, apesar da chuva, eles cavalgaram de volta para Thendara. Não falaram do estranho acontecimento, como se por um acordo tácito, na ocasião ou depois. Mas, de vez em quando, Mikhail pensava a respeito, e especulava se tinha mesmo ouvido a voz do fantasma de Derik Elhalyn, e se perguntava quem poderia ser o Protetor.

continua....

3 comentários:

  1. VlW (muito obrigada mesmo :) por postar a tradução de The Shadow Matrix. Espero que possa continuar mandando o restante. bj

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  2. Este trecho é igual o trecho 3 que já foi postado. =(

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  3. Oi Gwy
    ja corrigi o erro de shadow, esta o outro trecho!
    obrigada por avisar.
    lapso de percepção minha. XD
    beijos

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