sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Forja de Zandru - trecho 1

Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti


PRÓLOGO



O garoto veio para dar adeus a seu pai enquanto a luz de brasas se apagando bruxuleava na lareira de pedra. Ele estremeceu, pensando na noite lá fora e no cavaleiro que viria para levá-lo embora. Com uma paciência além de seu vinte anos, ele esperou que seu pai dissesse as palavras que o mandariam para longe, talvez para sempre.
Por um longo momento, o homem envolto pelos cobertores rasgados não se movera. Apenas o vagaroso movimento de seu peito e o brilho em seus olhos indicavam que ainda estava vivo. O antigo ferimento em seus pulmões, de um tempo sobre o qual nunca falava, o tinha deixado a beira da morte antes, e nas duas vezes, ele se recuperara.
Pai, por favor, não morra, o garoto pensou, e perguntou-se novamente se era por isso que estava sendo mandado embora. Para Arilinn, tão longe, para viver entre bruxos e animais.
- Eduin. - Um sussurro, como uma chuva de cinzas. - Meu filho.
Lágrimas surgiram nos olhos do garoto, mas ele lutou contra o desejo de jogar-se nos braços de seu pai, enterrar sua face na espessa barba grisalha, para sentir os finos braços de ferro ao seu redor.
- Não sei se um dia o verei de novo. Você é minha última esperança.
- Eu não o decepcionarei, Pai.
Os ombros do homem subiram e desceram sob as camadas de cobertores. - E o que você vai fazer?
- Ir para Arilinn. Para tornar-me um... - a criança tropeçou na palavra desconhecida, -... um laranzu. O feiticeiro mais poderoso de toda Darkover.
- Como seu pai antes de você.
Eduin concordou, a testa franzida. Se seu pai foi o laranzu mais poderoso no mundo, porque viviam tão longe de todos? Porque passam tanta fome e frio no inverno, e vestem roupas remendadas. Ele sabia que os Hasturs tinham algo a ver com isso. Sua mãe, enquanto ainda vivia, tinha lhe ensinado a nunca perguntar. Mas se não o fizesse, poderia nunca mais ter outra chance.
Como se sentindo as questões, o pai do garoto chamou-o para mais perto e envolveu-o com um braço. - É tão jovem para carregar tal fardo, mesmo assim você é tudo o que me restou. Seus irmãos... - Sua voz sumiu.
Eles falharam.
- Quem é você? - seu pai perguntou em um tom diferente.
- Porque, Eduin MacEarn, como me chamou, Pai.
- Ouça cuidadosamente. Sua mãe não sabia nada do que estou prestes a lhe contar. Sabia apenas que fui ferido na guerra e que procurava paz e esquecimento. Então usei o nome dela e comecei uma nova vida aqui. Mas o passado deve ser esclarecido.
Eduin estremeceu na iminência de um enorme mistério.

continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário