Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: Suzana Andrade
Capítulo 1
A placa na porta, em pequenas letras douradas dizia JAMES C. MELFORD, DIRETOR. A garota quase bonita na recepção sorriu, apertou um botão e murmurou:
- Sr. Melford? Pode receber Sr. Cannon por alguns minutos?
Ela escutou por um momento, então seu rosto se iluminou por um novo sorriso, um pouco mais cordial do que antes, enquanto anunciava:
- Sente-se, Sr. Cannon. Sr. Melford estará com você em um momento.
O homem que estava na outra ponta da mesa - alto, magro e um pouco curvado, com as características desenhadas, o rosto que parecia intransponível consumido por preocupações - se afastou com um espaçamento de nervoso e abandonou o corpo em um sofá de plástico. Ele pegou uma revista, mas apenas invertida, tornando a roçar as páginas como se fosse um baralho de cartas, antes de colocá-la no lugar de antes. Ele esticou o pescoço, voltando-se para a direita e esquerda, olhando ao redor do escritório, e franziu a testa como se tivesse perdido algo que ele não conseguia se lembrar exatamente.
Fosse o que fosse não estava lá, ou pelo menos seus olhos não viam. Uma árvore de plástico verde de Natal decorada com contas de vidro azul e faixas vermelhas ficava sobre a mesa da recepcionista que recebera o visitante. Em uma prateleira ao lado de sua mesa foram dispostos enfileirados dezenas de livros em brochura em cores brilhantes, a última trazia publicada por capítulos de livros. Parou por um momento os olhos em dois volumes na parte superior da biblioteca: A verdadeira história de feitiçaria e Vudu no Mundo Moderno, por John Cannon. Ele apertou suas pálpebras, como se por dor intensa, e a menina escondida atrás da árvore de Natal parou um momento, levantando a cabeça.
- Tudo bem, Sr. Cannon?
- Sim... Sim, obrigado, ele disse, com determinação e um braço estendido para pegar de volta a revista. Ele segurou-a sem abri-la, com as mãos segurava as extremidades, como se o silêncio fosse muito caro. Os olhos da menina se demoraram um pouco sobre ele, mas o toque de um telefone voltou sua atenção para o quadro de distribuição, e Cannon afrouxou o jornal, suspirando levemente.
A porta do escritório abriu de repente e um homem ainda jovem, com a gravata afrouxada e uma juba espessa e castanha desordenada apareceu no limiar. Um sorriso caloroso iluminou o rosto.
- Olá, Jock, que bom te ver. Quer entrar? Ele estendeu a mão. A voz dele era quente e aconchegante, grave com firmeza. Cannon, impaciente em sua cadeira, inclinou-se ligeiramente para trás, sorriu e deixou-se conduzir para dentro.
O escritório, brilhante, alegre e despretensioso, que continha uma mesa cheia de livros volumosos e manuscritos, outros manuscritos, em recipientes de touros, os envelopes de espessura, foram empilhados em prateleiras dispostas em ambos os lados da mesa. As paredes estavam penduradas com imagens coloridas, aparentemente, a arte da capa original da editora, e uma estatueta de bronze com o texto, sobre um pedestal, PRÊMIO FICÇÃO ZA-1967 estava em um lugar de destaque em cima de um armário de arquivo. Uma pintura mostrava um diabo verde com olhos vermelhos e chifres enormes; Melford chamou a atenção de seu convidado e sorriu novamente, com afeto, enquanto ele correu atrás do balcão.
- Sim, isso é o diabo na América. Ele ainda é um dos títulos que vendem melhor, por isso estamos pensando em fazer uma reedição desta primavera, enquanto eu e seu agente não chegarmos a um acordo. Sente-se, sente-se.
Ele se sentou em sua mesa e apontou para a cadeira mais próxima.
- Um cigarro? Como você está, Jock? Você parece abalado. Quando liguei para o seu agente, na semana passada, disse que você estava no país para tentar descansar. O que houve, homem? As pessoas da nossa idade não devem precisar de um descanso!
Oprimido por essa conversa alegre Cannon descontraía com um riso nervoso.
- Nada, eu acho. Talvez eu tenha a gripe vinda de Hong Kong, isso é tudo. Sim, eu fui a Nova York por alguns dias... Pensei que talvez tivesse funcionado melhor que um lugar isolado, só que depois de alguns dias, - confessou mais uma vez mostrando o sorriso tímido e cheio de ironia, - a calma começou a me dar nervoso.
- Você soa exatamente como minha mãe, disse Melford rindo, - pré-sem recordar os bons velhos tempos. No entanto, quando ela estava sem eletricidade, no ano passado, e ela e Bárbara tinham que cozinhar algumas refeições com a ajuda de um fogão de acampamento e chaminé, você tinha que se sentir pedreira imprevistos! É certo que Barbara, no entanto, fez o melhor de uma situação ruim. Ela perguntou sobre você no outro dia... Barbara, eu quero dizer. Então o que acontece?
- Problema, simplesmente disse Cannon, na defensiva.
continua...
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