Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: Ariane Pierine
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Capítulo 3
O rio estava com uma profundidade exata para os barcos com fundo chato que os nyssomus usavam para chegar até as ruínas. Mikayla, Fiolon e os guias nyssomus Quasi e Traneo passaram vários dias trocando de lugar nos barcos, assumindo seus turnos para impulsioná-los com as varas através dos baixios e remando rio acima quando as águas eram suficientemente profundas. Era um trabalho duro, mas eles não desanimavam, desde o nascer até o pôr-do-sol de cada dia.
Quando ficava escuro demais para enxergar para onde estavam indo, puxavam os barcos para a margem, comiam uma porção cuidadosamente racionada da carne seca que levavam para a viagem, e dormiam em um dos barcos, com os outros virados para baixo e bem amarrados em cima. Dessa forma não precisavam ficar vigiando à noite. Os skriteks, únicos predadores grandes o suficiente para quebrar os barcos, não incomodavam os seres humanos sem provocação, e desde que Quasi e Traneo dormissem entre Mikayla e Fiolon, seu cheiro não seria percebido por um skritek de passagem por ali. Na verdade, quando atingiram o território dos skriteks, todos cheiravam mais a pântano que qualquer outra coisa.
Tinham passado quase dois dias viajando pelo território dos skriteks quando sinais das ruínas que procuravam apareceram na beira do rio.
Fiolon apontou entusiasmado:
- Olhem, havia uma aldeia aqui um dia. Talvez nessas ruínas a gente encontre mais caixas de música...ou outra coisa interessante.
- Não acredito que possa haver alguma coisa interessante assim – implicou Mikayla. – pelo menos não para você.
- Princesa – aventurou-se um dos guias oddlings, o pequeno nyssomu chamado Quasi. – vocês não devem se preocupar em entrar nessas ruínas. As que ficam mais acima são mais interessantes.
Mikayla olhou para ele desconfiada.
- Você quer que a gente viaje mais longe ainda rio acima, através do território dos skriteks, correndo um perigo ainda maior de encontrá-los? O que há de errado com essas ruínas?
- Elas parecem ótimas para mim – protestou Fiolon – e eu quero descobrir mais sobre os Desaparecidos.
- E eu realmente quero encontrar mais dessas caixas de música – acrescentou Mikayla – para ver como funcionam.
Traneo, parecendo assustado com alguma coisa, arriscou-se a falar:
- O rei ficaria muito zangado se acontecesse algo com você, meu senhor. Ele me encarregou diretamente de garantir que nenhum mal lhe aconteça, ou à princesa.
- Isso é bobagem, disse Fiolon. – O rei não se importa com o que eu faço. Acho que ele nem sabe que estamos aqui.
...continua.
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