Autor: Marion Zimmer Bradley
Tradução: Ariane Pierine
...
- Mika? – Fiolon, ainda no barco, olhou para ela querendo saber o que estava acontecendo. – Qual é o problema?
- Alguma coisa – disse Mikayla -, mas não sei exatamente o que é. Tenho a impressão de que alguma coisa está errada, alguma coisa no solo.
Traneo já tinha saído do barco e andava a esmo, resolvendo exatamente onde deveriam montar acampamento. Mikayla foi atrás dele, movendo-se devagar e tentando descobrir a causa da sua apreensão.
Chegou ao lugar cheio de pedras lisas e tropeçou em uma delas. Espantou-se ao perceber que não era dura, mas macia, parecendo couro. Enquanto estava ali parada olhando, a pedra começou a balançar lentamente, de um lado para outro. Não achava que tivesse chutado com tanta força, ou tinha? Continuou olhando, espantada, e a coisa rachou, comum ruído estranho de algo rasgando, e da rachadura que aumentava um focinho feio e verde apareceu, com dois círculos negros saltados em cima.
Mikayla jamais tinha visto um skritek em forma de larva, mas não precisava que ninguém explicasse que estava vendo um naquele momento. A boca feia do bicho abriu-se, revelando duas fileiras de dentes espantosamente longos e afiados, sem as presas de um adulto, e ele era apenas um sétimo do tamanho de um skritek desenvolvido.
Ela estava totalmente despreparada para a rapidez com que a coisa feia se moveu. Embora não tivesse mais de trinta centímetros de altura, parecia crescer diante dos seus olhos. Ele correu com velocidade espantosa na direção dos dois, agarrou Traneo e começou a arrastá-lo para a água. Para horror de Mikayla, o animal começou a devorar o nyssomu antes mesmo de matá-lo. Traneo deu um berro.
Mikayla não acreditava que a criatura já pudesse ver – uma película de couro branco cobria parte dos olhos saltados – mas enquanto estava ali olhando, meio paralisada de choque, ele acabou de arrancar a cabeça do oddling a dentadas. O berro de Traneo foi interrompido no meio de um uivo, e só deu para ver a água respingando no lugar em que o nyssomu afundou, levado pelo pavoroso filhote de skritek.
Mikayla deu um pulo para trás, tropeçou numa pedra e caiu estatelada na areia. O terror tomou conta dela. Tinha encarado a morte antes, quando caçava, mas nunca de uma forma tão horrenda. Apressou em se levantar, mas um outro ovo estremeceu sob seu pé, derrubando-a no chão diante de outra larva de skritek que surgia. Tinha caído de costas e ficou sem ar, por isso continuou deitada e indefesa por um momento. O pequeno skritek já abria a boca quando uma pedra apareceu voando de trás dela e atingiu o longo focinho do skritek. Ele cambaleou de costas e caiu de lado.
Chorando de alívio, Mikayla conseguiu ficar de pé e chocou-se com Fiolon, que com mais brutalidade que galanteria arrastou-a para um barco e afastou-se da margem. No meio do rio Mikayla recuperou um pouco o controle. Ainda chorava por Traneo – ninguém devia morrer daquele jeito, literalmente devorado vivo – mas pelo menos não estava mais histérica, e conseguiu soltar o braço de Fiolon, que assim teve mais facilidade de pilotar o barco.
...continua
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