Autor: Marion Zimmer Bradley e Deborah J. Ross
Tradução: Gisele Conti
Tradução: Gisele Conti
...
- Meu pai não parece bem, - Varzil disse em uma voz baixa. - Ele não me ouvirá, mas acho que precisa descansar.
- Sim, é verdade, - Eiric replicou em seu sotaque do campo. - Percebi isso. Se ele não acampar aqui por sua própria saúde, então o fará pelo bem dos cavalos. Não posso me lembrar de um dia de outono assim tão quente.
Varzil agradeceu e observou enquanto o outro homem andava em direção ao cavalo de Dom Felix. Como se sondando um antigo ferimento, procurou Arilinn em seus pensamentos, mas não sentiu nada além da vaga cintilação... metade música, metade luz... do Véu. Ele se perguntou se aquilo sempre estaria em sua memória.
Quanto tempo ficou ali, ouvindo com aquele sentimento interior, não teria podido saber, antes de voltar à consciência com um leve tremor sob seus pés. Primeiro, sentiu com sua mente, como um leve contato com o Véu. Depois de alguns momentos, contudo, ele percebeu que era uma vibração física. Aquilo ficou mais forte e mais alto.
Sons de cascos...
Varzil visualizou a poeira subindo, rapidamente se aproximando. Avistou um cavalo galopante, embora não pudesse reconhecer o cavaleiro. Uma sensação de urgência soou atrás de sua mente como um sino, um toque quase familiar...
Carlo. O jovem de cabelos flamejantes de Arilinn.
Eles esperaram enquanto o cavaleiro se aproximava. Espuma amarela escorria do pescoço e flancos do cavalo, seguindo a correia peitoral, mas ele se movia tão forte e fresco como se tivesse acabado de deixar os estábulos. Varzil conhecia cavalos. Este devia ter uma resistência excepcional. Certamente era um dos lendários garanhões negros criados nas propriedades dos Alton em Armida.
- Aldones seja louvado! Achei vocês! - Carlo fez o animal parar bem diante de Dom Felix. O cavalo negro puxou o arreio, pisoteando. Todos os outros o cercaram. Ele vestia uma túnica leve de verão aberta no pescoço, e nenhum manto, mas os cobertores da sela eram azuis, bordados com o emblema do pinheiro dourado de Hastur. Carlo certamente devia vir de uma família influente para ser capaz de pegar emprestada tal montaria.
Carlo soltou seus pés dos estribos e pulou levemente para o chão. Pela sua expressão, Dom Feliz não estava feliz em vê-lo.
- Venha, senhor, vamos falar em particular, - Carlo disse com uma breve, mas impecavelmente educada reverência. - Trago notícias de Arilinn.
O que aqueles Hali-imyn têm a dizer que tenha algum possível interesse a mim? Foi o pensamento grosseiro de Dom Felix.
- Senhor, é sua posição e não minha decidir o que dirá ao seu povo, - Carlo disse. Se havia pegado o pensamento raivoso de Dom Felix, não havia nenhum sinal. Sua expressão continuava tão respeitosa quanto antes, seus olhos cinza firmes.
O velho franziu o cenho, mas desmontou rapidamente e gesticulou para que Carlo o seguisse. - E você, também, - disse para Varzil, - pois isto sem dúvida tem a ver com algum problema que você arrumou.
Carlo estendeu as rédeas do cavalo negro a Gwilliam, pedindo que ele andasse com o animal antes de lhe dar água. Eles se afastaram um pouco acima do rio. Ali, árvores pendiam sobre a água para tocar com os dedos de folhas no córrego. Um aroma frio e doce surgiu das margens, misturado com o cheiro de lama remexida e de pedras molhadas pelo rio.
Carlo aproximou-se de Dom Felix, baixando a voz. Varzil sentiu tanto quanto ouviu suas palavras perfeitamente enunciadas. - Uma mensagem chegou à Torre Arilinn de uma leronis em Serrais logo depois de sua partida.
- Serrais? - Dom Felix repetiu o nome da sede dos Ridenow. - Há problemas em Serrais.
Não. Não em Serrais. Varzil soube sem perguntar.
Carlo balançou a cabeça. - De sua própria casa... Água Doce, assim que se chama? Três dias atrás, homens-gato atacaram os pastos de ovelhas. Alguns foram mortos e outros fugiram. Um grupo de homens liderados por seu filho mais velho estava perto o bastante para correr em socorro dos pastores. Houve uma luta. O terreno era muito ruim...
Uma imagem surgiu através da mente de Varzil, embora não pudesse distinguir sua origem. Ele viu a encosta escarpada, as pedras pontilhando o gramado açoitado pelo vento tão claramente como se estivesse lá.
...continua
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