sábado, 2 de julho de 2011

Redescoberta - trecho 2

Autores: Marion Zimmer Bradley e Mercedes Lackey
Tradução: André Pereira

...
– Eu não sou uma telepata muito forte – disse Elizabeth com a maior serie-dade, embora Ysaye estivesse brincando. – E, além disso, eu quero que seja habi-tado, de forma que não seria um julgamento imparcial. Você não tem nenhum interesse emocional envolvido; o que acha, Ysaye? Há pessoas lá?
Nem seus pais nem os computadores com que ela trabalhava jamais admiti-ram “Eu não sei” como uma resposta aceitável. Se ainda não conhece a solução, trate de obter mais informação. Quase reflexivamente, Ysaye projetou a mente na direção do planeta e obteve a resposta, sem nenhuma volição consciente ou palavras.
O planeta era habitado; soube disso de repente. Mas não podia explicar co-mo sabia, ou provar, por isso contemporizou:
– Descobriremos muito em breve. Por vocês, eu espero que seja... embora eu vá sentir saudades se vocês deixarem a nave. Precisamos de algo além de uma bola de pedra e poeira; as pessoas estão começando a ficar um pouco excitadas.
Nos últimos meses pequenas excentricidades haviam ameaçado se transfor-mar em verdadeiras neuroses. Ysaye permanecera de certa forma isolada disso, vivendo o máximo possível com seus amados computadores, mas evidentemen-te percebia a situação. Todo mundo procurava se manter apartado dos outros membros das duas tripulações. Até velhos amigos – ou amantes – estavam co-meçando a dar nos nervos uns dos outros.
– De qualquer forma, provavelmente significa alguns meses em terra – disse David, animado – mesmo se não for habitado. Trabalho à beça para nós dois, Elizabeth, nas nossas secundárias, se não nas especialidades. – David Lorne era lingüista e xenocartógrafo, Elizabeth era antropóloga e meteorologista. Todos na nave tinham dois ou três trabalhos – menos Ysaye e o computador, que faziam um pouco de quase tudo.
– Estou ansiosa por isso. Estou ansiosa por espaço. Um lugar onde eu não es-teja sempre trombando com alguém. Toda essa viajem não está levando a lugar algum.
– Isso é engraçado – disse David, irreverente – principalmente se você con-siderar todos os anos-luz que percorremos.
– Eu não quis dizer literalmente – ela retrucou, amarrando a cara para ele – e você sabe disso tão bem quanto eu. Metaforicamente falando, nos encontramos es-tagnados, por mais anos-luz que tenhamos percorrido. Isto é, no que nos diz respeito, daria na mesma se estivéssemos confinados num edifício em Dallas ou San Francisco pelos últimos três anos. Estou farta de estudar manuais e simula-ções de computador. Quero voltar a estudar alguma coisa real.

...continua

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